Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Revelações 2

Continuando com minha modesta análise das eleições e suas revelações preocupantes

Continuando com minha modesta análise das eleições e suas revelações preocupantes. Depois da inutilidade dos partidos políticos, colocada na última coluna, vejo como outra revelação o excesso de personalismo, ou talvez, a melhor definição seja o culto à personalidade. Apesar de a história indicar que isso teve início na antiga União Soviética, essa estratégia de propaganda política foi utilizada por várias personalidades políticas ao redor do mundo, entre eles Hitler, Mussolini e Mao Tsé-Tung. Apesar de ser característico das ditaduras, sejam elas de qualquer ideologia, o culto tem aparecido nas democracias e envolve seguir cegamente um político, não importando se as ideias estão deslocadas da realidade ou se as propostas são impraticáveis. Também não importa a mudança de opinião sobre determinados temas, desde que sejam feitas pelo “líder”. 

Efeitos
Um dos efeitos desse personalismo político é pôr em risco a própria democracia, pois os seguidores são levados a acreditar que a democracia só pode existir com a presença do “nosso líder”, o líder dos outros geralmente é descrito como o “demônio”, “coisa ruim” ou qualquer outra definição que possa exaltar o “nosso” e desprestigiar o “outro”. Outro efeito é a falta de propostas e os discursos rasos, tudo isso ancorado no pensamento mágico de que basta a simples apresentação do candidato para ser o escolhido. Isso se espalhou para todos os cargos eletivos que buscavam colar sua imagem a outro político para tentar garantir os votos. É tudo muito estranho e bizarro, mas os fanáticos ostentam com orgulho a sua bizarrice. No regime comunista da Coreia do Norte, os homens cortam o cabelo no estilo do seu “líder” Kim Jong-Un. No Iraque, os homens imitavam o bigode de Saddam. Porém, em regimes totalitários, a bajulação muitas vezes é obrigatória por lei. Mas, o que temos visto em nosso país, é que as loucuras são feitas por devoção. 

Perverso
Os efeitos perversos desse culto são a falta de debates sobre propostas e as muitas acusações. Como não podia deixar de ser, os debates se tornaram uma massa disforme de falta de respostas. Virou piada nacional um debate onde um candidato pergunta: qual a sua proposta? E a resposta foi: melhor que a sua. Então detalhe sua proposta, insistiu o candidato, muito melhor que a sua foi a resposta. E assim se seguiu em várias perguntas e em vários assuntos. No final o que vimos é uma antieleição, onde muitos votaram no candidato “menos pior”. E isso é muito ruim, pois representa um atraso político e um risco para a democracia. 

Provável 
É bem provável que em um debate sério entre eleitores, (se isso ainda for possível, depois dos exemplos de falta de civilidade que se viu após as eleições) nenhum dos lados será capaz de detalhar cinco propostas dos candidatos. Na melhor das hipóteses, a conversa irá desbancar para a repetição de chavões e slogans. Na pior das hipóteses, em amizades rompidas. Isso porque imaginei um debate sério, pois se não fosse, o final seria a pancadaria. Lamentável.