Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Retrocessos

O retrocesso que começou na política com a eleição de Donald Trump, agora se estende à economia o que resulta em preocupações quanto ao futuro. 

Retrocessos
Primeiro foi o Consenso de Washington, nome dado a um encontro ocorrido, onde vários economistas junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial debateram as reformas econômicas para os países em desenvolvimento. O resultado foram 10 regras básicas que deveriam ser seguidas para a obtenção de recursos junto ao FMI e ao Banco Mundial. Essas regras foram denominadas de Neoliberalismo e se popularizaram com o nome de ‘globalização’. A regra 4 diz “abertura comercial e econômica dos países, a fim de reduzir o protecionismo e proporcionar maior investimento estrangeiro”. A regra 6 diz simplesmente “liberalização do Comércio Exterior”. Essas e outras práticas defendidas ferrenhamente pelos EUA e Inglaterra eram impostas aos demais países. Pois agora parece que esse incentivo à abertura comercial não interessa mais aos EUA. O retrocesso que começou na política com a eleição de Donald Trump, agora se estende à economia o que resulta em preocupações quanto ao futuro. 

Guerra comercial
O presidente americano se elegeu com o lema America First (América Primeiro, numa tradução livre), que tem como foco fortalecer a indústria americana. A face mais visível dessa política foi a decisão recente de impor tarifas de importação de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. Essa medida afeta diretamente o Brasil e outros países que, devido a reação provocada, foram retirados temporariamente da lista. Os passos seguintes mostraram que o objetivo principal é atingir a China. Esta, por sua vez, reagiu no mesmo tom, sobretaxando vários produtos americanos como soja e automóveis.

OMC
Existe um órgão internacional para avaliar e mediar essas questões que é a Organização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1990. Ela foi solenemente ignorada pelos EUA sob o argumento de que ela é injusta com os americanos. Essa guerra comercial entre as duas principais potências pode afetar todo o comércio internacional, pois as cadeias de produção e consumo estão interligadas e os efeitos desse conflito podem atingir as demais economias, principalmente as mais frágeis. Exemplo disso é o preço do aço: o aumento de preços decorrente da sobretaxa afetará o custo de vários produtos, desde eletrodomésticos até automóveis, reduzindo o consumo. Essa retração, por sua vez, poderá reduzir o preço das commodities e com isso afetar os países exportadores. 

Futuro?
E onde fica a globalização? Fica em segundo plano quando o interessado é uma economia forte. Antes de tudo os nossos, costuma dizer o homem de cabelo amarelo. Seu objetivo é reduzir o déficit com a China, depois vai se preocupar com a economia mundial. Será que ele esqueceu que a China é o maior credor dos americanos? Se usarem a política do ‘olho por olho, dente por dente’, com o tempo ficarão todos cegos e banguelas.