Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Reservas e volatilidade

Uma pergunta comum para quem atua no ramo financeiro é porque o dólar sobre, ou por outro lado, porque o real desvaloriza.

Reservas e volatilidade

Uma pergunta comum para quem atua no ramo financeiro é porque o dólar sobre, ou por outro lado, porque o real desvaloriza. O questionador geralmente espera uma resposta simples, do tipo manchete de telejornal, por causa da crise do Irã, ou devido a disputa com a China. Pronto, é só aguardar a resolução do conflito e todos os problemas desaparecem. Essa questão surge frequentemente na disciplina de finanças internacionais que ministro em vários MBAs. Faz parte do conteúdo previsto abordar o que a literatura coloca como fatores que determinantes da taxa de câmbio. Esses fatores são em torno de 15 e geralmente colocados em 3 grandes grupos: econômico, mercado e estrutural.

Balança comercial

Em 2019 o Brasil bateu mais um recorde negativo e conseguiu reduzir as exportações com valor de 224 bilhões, o recorde foi em 2011 com 256 bilhões de dólares.  O saldo da balança comercial também caiu: ficou em 46 bilhões, 12 abaixo do ano anterior. Outro fator de preocupação com esses resultados é que pela primeira vez nos últimos 40 anos o mais da metade do volume exportado foi de produtos básicos, aqueles que não possuem tecnologia envolvida como minerais, frutas, grãos e carnes. Segundo dados do Ministério da Economia as vendas externas de produtos industrializados recuaram 10,3%. Nesse aspecto temos o primeiro fator determinante: a fraca presença no mercado externo de produtos industrializados e suas consequências na economia interna.

Déficit

A conta que mostra o principal problema é o saldo nas transações correntes. O déficit cresceu de 15 bilhões para 50 bilhões no ano de 2019, para resolver isso o negócio é se desfazer das reservas internacionais. E isso ocorreu no ano que passou. O Banco Central consumiu 10% das reservas internacionais. Com isso o saldo de 357 bilhões no final do ano coloca as nossas reservas no mesmo nível de 2011, o que significa o limite de segurança estabelecido pelos cálculos do FMI ( Fundo Monetário Internacional). Esse fenômeno não é novo, aconteceu em 2015 e 2016, a diferença é que na época houve muita gritaria de certos setores e agora há o silêncio. Seria concordância ou vergonha? Como em vários aspectos da economia esse também é um assunto controverso. O único ponto de convergência é a capacidade de suportar choques cambiais.  História recente do país mostra que os choques cambiais são frequentes: crise do México, crise Asiática e no ano de 2002 quando o Brasil teve que ser socorrido pelo FMI com 20 bilhões de dólares.  Aqui temos o outro aspecto fundamental, a redução de reservas, que interfere na cotação da moeda. As questões agora são: vai voltar abaixo do R$ 4,00? Onde vai parar? Isso é bom? Como dizia H.L. Mencken “Para todo problema complexo, há uma solução que é simples, elegante e completamente errada”.