Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Rescaldo

Passaram as eleições, mas os reflexos ainda se farão sentir. Pelo lado dos vencedores, os números mostram uma vitória incontestável, maiúscula, talvez inesperada

Passaram as eleições, mas os reflexos ainda se farão sentir. Pelo lado dos vencedores, os números mostram uma vitória incontestável, maiúscula, talvez inesperada. A diferença de 4.358 votos para o segundo lugar fala por si só do tamanho da vitória. Um desempenho que só perde na diferença de votos para a reeleição do atual prefeito Lídio, onde a diferença foi de 7.887 votos, porém naquela ocasião, havia somente dois concorrentes. Uma vitória que coloca o partido vencedor de volta ao cargo máximo do município depois de 44 anos.

Divisão
Os resultados das eleições deverão ser o ponto de análise de algumas mudanças na condução dos partidos, isso considerando que irão tirar algumas lições dos resultados obtidos. A visão externa é que dois partidos divididos não fazem uma boa campanha e, consequentemente, não conseguem um bom desempenho. Informações de alguns membros dos partidos que preferem não se identificar revelam que as disputas internas resultaram em divisões, fazendo com que alguns grupos se afastassem, outros se omitiram ou fizeram a campanha apenas para vereador. Os relatos falam de manipulações nos bastidores afastando participantes da executiva, entre outras ações para conduzir as decisões. Outro aspecto foi a imposição de nomes sem uma avaliação do cenário ou no estabelecimento de estratégias. Acima dos nomes e da estrutura, é importante preservar a unidade partidária. Isso ajudaria a vencer as eleições? Não. Mas com certeza tornaram a derrota mais próxima.

Foi mal
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foi o grande derrotado nas eleições, frustrando a expectativa de obtenção dos resultados rapidamente. É necessário admitir que estávamos acostumados a ter os resultados em pouco minutos após o encerramento das votações. Isso era feito pelos tribunais regionais eleitorais (TRE). Aconselhados por especialistas e pela polícia federal, o sistema foi concentrado no TSE e os resultados eram repassados aos TREs, porém no dia da eleição, ocorreu um ataque de hackers aos servidores. Ao que tudo indica, uma tentativa de desacreditar as eleições. Para alguns sempre haverá fraude, seja em voto nas cédulas, seja voto eletrônico. A teoria da conspiração é sempre atrativa. 

Foram bem
A apuração paralela dos partidos foi muito bem, mostrando que a disponibilidade dos dados na Justiça Eleitoral permite uma fiscalização eficaz. Quando o sistema do TSE travou, os candidatos derrotados reconheceram o vencedor baseados nos resultados apurados internamente. Foi um ato de grandeza no encerramento do pleito. Num momento em que o radicalismo e a polarização são considerados comportamentos normais, aqueles que esperavam discursos ressentidos e agressivos se frustraram. Os candidatos deram uma aula de civilidade respeitando os resultados das urnas. Reconheceram e cumprimentaram o vencedor. Na política existem divergências, por isso existem os partidos (partes de ideias), mas não precisa criar inimigos.