Rendimentos
Os dados oficiais da inflação mostram o índice acumulado em 10,67% nos 12 meses até outubro
Os dados oficiais da inflação mostram o índice acumulado em 10,67% nos 12 meses até outubro. No mesmo período, a caderneta de poupança rendeu 2,27%. Juntando os dois fatos, o resultado é a rentabilidade negativa de 7,59% da caderneta de poupança. Esse é o pior resultado desde outubro de 1991. Transformando em valores, isso significa que, o que podíamos comprar com R$ 100, há um ano, hoje necessitaríamos de R$ 110,67, porém só temos R$ 102,27. A diferença foi consumida pela inflação. Um prejuízo silencioso e que não é observado diretamente no saldo dos nossos investimentos. O termo técnico é que ocorre um ganho nominal, mas uma perda real (rendimento nominal menos a inflação é igual ao ganho real). É a ilusão dos números, onde o saldo cresce, até fica maior que o valor inicial, mas o poder de compra é menor.
Vai recuperar?
É sempre difícil fazer previsões sobre algo tão incerto como a economia. Se em países mais estáveis essa tarefa resulta em expectativas frustradas, num país instável como nosso Brasil “varonil” isso é quase impossível. O que se pode fazer é analisar as regras atuais, que ninguém pode afirmar até quando estarão vigentes. Pelas regras atuais, que vigoram desde 2012, quando a taxa Selic estiver abaixo de 8,5% o rendimento da poupança será de 70% dessa taxa mais a TR (Taxa de Referência) que é zero desde 2017. Atualmente, a taxa Selic é de 7,75%, o que resulta em rendimento da poupança de 5,43% ao ano, bem abaixo da inflação. As expectativas dos agentes financeiros é que a Selic ultrapasse o percentual de 8,5% no final deste ano. Caso isso se confirme a poupança voltaria a render 0,5% ao mês, mais a TR, isso garante um rendimento mínimo de 6,17% ao ano. Nesse caso tem que torcer que a inflação caia para que o retorno seja positivo.
Mais prejuízo
Não serve de consolo, mas o mesmo efeito da combinação de alta da inflação com rendimentos negativos se aplica a outros investimentos de renda fixa pré-fixados. Por exemplo, quem fez um investimento com a taxa de remuneração estabelecida em 8% há um ano, está tendo prejuízo decorrente da alta da inflação. O mesmo pode estar acontecendo com quem tem investimentos indexados ao CDI (Certificado de Depósito Bancário) quem aplicou num título que rende 100% do índice, obteve um ganho em torno de 3,35% no período, um pouco mais que a poupança, mas, mesmo assim, com prejuízo.
Proteção
Em momentos de alta da inflação, uma forma de proteção é investir em instrumentos que rendam uma taxa de juros mais a inflação, que é expressa pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Com rendimento indexado a esse índice podem ser encontrados fundos de investimentos, títulos do tesouro nacional e alguns bancos oferecem CDB (Certificado de Depósito Bancário). Ao optar por esses investimentos, é preciso considerar que geralmente eles são de prazos mais longos. O ideal é manter até o vencimento para não ser penalizado em caso de resgate antecipado. Por exemplo, o tesouro direto remunera o IPCA mais juros de 5,27% ao ano com vencimento em 2026. Nesse caso o rendimento real serão os juros, pois o valor será corrigido pela inflação. No caso de títulos bancários existem investimentos que remuneram em torno de 4,5% a 5% mais o IPCA, com prazos que variam de um ano até três anos.