Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Razões do fracasso – parte 1

Existem muitos livros que buscam orientar as organizações a melhorar o seu desempenho, porém, poucos analisam as causas do fracasso das organizações.

Existem muitos livros que buscam orientar as organizações a melhorar o seu desempenho, porém, poucos analisam as causas do fracasso das organizações. Uma das razões, e a mais óbvia, é que ninguém gosta de falar sobre assuntos fúnebres como falência e as inevitáveis vítimas que deixam pelos caminhos. Harvard é uma das poucas instituições de ensino que publicam os denominados “Dark Cases”, estudos de casos de ensino sobre fracassos de empreendimentos. Mas se aprendemos com os erros, porque não listar os procedimentos que abalam o clima organizacional e afetam o desempenho das organizações? Algumas experiências recentes podem servir de base sobre o que não fazer que eu denomino de atitudes do maestro para desafinar uma orquestra. O final O final já é conhecido. Geralmente as organizações encerram suas atividades ou são vendidas. Porém, antes disso há um longo e tenebroso caminho que envolve vaidades pessoais, investimento sem a devida análise, mas com inaugurações festivas. Troca de gestores sem a devida mudança necessária para corrigir os rumos, mas, ao contrário, a indicação de alguém que seja confiável o suficiente para evitar um diagnóstico profundo e assim evitar comparações indesejáveis. Além disso, o sucessor deve ser alguém que evite o uso de medidas de desempenho, sejam elas qualitativas ou quantitativas, pois isso, inevitavelmente levará a análise da organização e isso pode levar às comparações indesejadas. Salvador O novo maestro deve agir como se fosse o salvador da pátria e a única solução disponível. Por isso, não precisa analisar muita coisa, se lhe chamaram é porque as coisas não iam bem. A empresa dá resultados positivos? Não importa, isso é obra do acaso e não permanecerá por muito tempo. Por isso ele foi chamado. Porque sabem que essa situação não irá durar. Ele é a única solução e todos sabem disso, mesmo que não admitam. Portanto, no papel de “salvador” ele não sofre influencia de ninguém, portanto, não ouve nada, apenas determina o que deve ser feito por mais absurdo que pareça. Procedimentos Outra medida típica de um “salvador da pátria” é alterar todos os procedimentos. Nada do que foi feito até o momento, estava correto. A partir do momento que ele assume, todos terão que fazer do seu jeito. Não importa como faziam antes, o importante é como farão a partir de agora. Se houver resistências a isso, ele deve demitir um bom número de funcionários nos primeiros meses. Isso vai mostrar a todos quem é que manda. As demissões devem ser em todos os níveis. Desde os mais baixos até as chefias e supervisão. Não importa se por algum tempo a organização vai ficar debilitada. O projeto do “novo líder” é de longo prazo, assim, qualquer sacrifício hoje será recompensado com vantagens no futuro. Esse procedimento tem outra vantagem colateral a destruição dos grupos informais. Eles podem se voltar contra o “líder salvador”, e a melhor maneira de se proteger contra eles, é demitir um bom número de pessoas e contratar os substitutos que não se conheçam, de preferência de outra cidade. Dessa forma eles irão demorar a se integrar enquanto ele ganha tempo para ser o dono da situação. Continua, em breve.