Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Quem vai remar?

A estória a seguir é uma peça de ficção. Não há nenhuma relação com reformas administrativas, criação de cargos ou outra decisão

A estória a seguir é uma peça de ficção. Não há nenhuma relação com reformas administrativas, criação de cargos ou outra decisão. Todos os personagens são fictícios. 
Foi realizada uma competição entre a equipe de remo do Alemonzang (Alem) e do Gringoquistom (Gring) – dois países amigos. O resultado não foi favorável para os “Gring”. A equipe chegou com 30 minutos de atraso em relação ao adversário, o que causou indignação. Foram realizadas várias reuniões para avaliar a causa da derrota. A equipe “Alem” era composta de 1 chefe e 10 remadores, enquanto os “Gring” tinham 10 chefes e 5 remadores. Chegaram à conclusão de que faltava alguém que motivasse os 5 remadores e a solução foi contratar um motivador profissional. 
Na competição seguinte, a diferença aumentou para 40 minutos. Os aliados do gestor dos “Gring” estavam inquietos, exigiam soluções, argumentavam que não foi para isso que o haviam apoiado, etc... A equipe “Alem” continuava com um chefe e 10 remadores. Para acalmar os ânimos, o comitê gestor reuniu todos os aliados e concluiu que tinham que melhorar a estrutura e colocar mais gente na equipe para ter mais eficiência: o novo organograma proposto teria 10 chefes, 5 diretores de área, 5 vice-diretores para auxiliar, 1 motivador e 5 remadores. Isso acalmou os aliados que passaram a defender todas as decisões, dizendo que era assim mesmo no início de um novo trabalho, que a equipe ainda não estava totalmente formada, etc... etc... Alguns meses depois, uma nova competição e um novo fiasco. A equipe “Alem” chegou 2 horas na frente. Crise no Gringoquistom. 
Para tentar contornar a situação, foram realizadas reuniões com entidades, com o comitê gestor e com especialistas. Foi montada uma estratégia de comunicação onde todos os canais disponíveis fossem utilizados, os aliados repetiam as mesmas declarações de que tudo estava bem e, aos poucos, a equipe encontraria o entrosamento necessário, todas as modernas técnicas de gestão foram empregadas e, com o tempo, os resultados iriam aparecer. Foi contratada uma consultoria muito conceituada que trabalhou muito. Foram 124 reuniões,  243 memorandos e 58 relatórios. Após meses de estudo foram identificados os problemas e proposta uma nova estrutura de trabalho: 10 chefes, 5 diretores de área, 5 vice-diretores, 1 motivador, 1 analista de desempenho, 1 controlador de tempo, 1 analista de sistemas e 5 remadores. Enquanto isso a equipe “Alem” mantinha sua estrutura de 1 chefe e 10 remadores. 
Chegou o dia da competição, os “Alem” chegaram e nem sinal dos “Gring”. O dia estava terminando, os juízes queriam ir embora e alguns já estavam criando equipes de buscas pensando que poderia ter acontecido alguma tragédia. Nesse momento, na curva do rio no horizonte, ao longe, surgiu o barco dos “Gring” com 4 horas de atraso. Os 5 remadores extenuados, o motivador já rouco de tanto gritar palavras de incentivo, os demais, olhando seus relatórios, tentavam entender o que estava acontecendo.  
Nova crise. O comitê gestor se reuniu para debater a situação, alguns aliados não compareceram. Depois de muito debate tomaram algumas decisões: cortaram o plano de saúde e todos os benefícios dos remadores. Os treinos seriam ampliados para 12 horas diárias. O fornecimento de água e café foi racionado. Cada um deveria lavar seu uniforme em sua casa. Reposição de uniformes seriam descontadas dos salários. Os treinos seguintes não mostraram evolução. Decidiram demitir os remadores, contratar terceirizados para reduzir a despesa com pessoal, porque o custo estava ficando muito elevado e o projeto não estava dando os resultados esperados.