Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Quem é o pai?

Em resumo, todos os que até o momento decidiram manter as coisas dessa forma, agora buscam um culpado pelo último aumento dos combustíveis. 

O sucesso tem muitos pais, o fracasso é um órfão solitário”. Alguns atribuem a frase ao ex-presidente americano John F. Kennedy, mas mesmo não tendo certeza do autor, ela serve para esse momento. Também poderia ser adaptada para “ninguém quer ser o responsável pelas más notícias”. É o que acontece com o último aumento dos combustíveis. Os que elaboraram e concordaram com a política atual, aqueles que escolhem os gestores, incluindo a autoridade máxima da maior empresa petrolífera do país, ninguém quer ser o responsável pelo preço dos combustíveis. Nesse balaio estão ministros, senadores, deputados, presidente da República, agências reguladoras e mais um grande elenco. Em resumo, todos os que até o momento decidiram manter as coisas dessa forma, agora buscam um culpado pelo último aumento dos combustíveis. 

Os outros
Devemos lembrar que os culpados sempre foram os “outros”: pandemia, preço do petróleo, câmbio, governadores, impostos, entre outros. Agora descobriram um novo culpado: a Petrobras. Algumas das influências são externas e estruturais, o que aumenta a dificuldade de soluções de curto prazo. Mas o discurso atual é como se todos os “culpados” fossem entes autônomos e sem controle. Nisso cabe questionar quem é o responsável pela política cambial, pela política tributária e pelo controle da Petrobras? E o que eles fizeram para aliviar, mesmo que momentaneamente, os impactos dos preços? Aparentemente nada. Os primeiros culpados do preço dos combustíveis foram os governadores dos estados. Eles indicam os executivos e os conselheiros da empresa? Não. Assim como não são culpados de cobrar o ICMS, imposto que incide sobre os combustíveis desde 1988, mas agora, somente agora, isso se tornou um problema. Pressionados, os governadores decidiram congelar a base de cálculo do tributo, em novembro do ano passado. Aqui no estado a alíquota é de 25% e a base de cálculo é de R$ 6,17 – inicialmente valor que ficaria até o final de junho. Com a criação de uma alíquota máxima de 17%, é de se aguardar as alterações e seus impactos, porém, é uma questão matemática: dois aumentos como os concedidos essa semana acabam com os benefícios desta redução de impostos.  

CPI
Então decidiram criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a Petrobras. A medida pode ser apenas uma forma de distração, criando uma notícia impactante e colocando a empresa como uma inimiga do governo. Dessa forma, desviam a atenção dos verdadeiros responsáveis pela situação atual. Mas também pode demonstrar que existe alguma coisa errada com a estatal e que somente eles conhecem. O que se sabe até o momento é que a Petrobras é a empresa petrolífera mais lucrativa no mundo. Os dados do primeiro trimestre deste ano indicam uma receita líquida de R$ 141 bilhões, e um lucro líquido de R$ 44 bilhões, percentualmente um resultado de 31%. É de fazer inveja a muitas empresas. De qualquer forma, é sempre bom investigar. Não podemos esquecer o que aconteceu com a empresa em tempos recentes, onde os partidos e suas malfadas indicações de cargos desviaram recursos. Só espero que o resultado não seja colocar a culpa no mordomo, como fazem os filmes de mistérios com pouca criatividade.