Por muito tempo os recursos pertencentes aos trabalhadores eram na verdade uma forma discreta de expropriar seus donos, os trabalhadores

Quem diria que o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) iria se tornar uma boa alternativa de investimento. Por muito tempo os recursos pertencentes aos trabalhadores eram na verdade uma forma discreta de expropriar seus donos, os trabalhadores. Rendia muito pouco, geralmente perdia para a inflação e era utilizado para financiar projetos altamente questionáveis quanto a sua importância e rentabilidade. Se quiserem buscar casos de desvio de recursos no passado, um dos famosos é o caso do Grupo Delfin (sem relação com o ex-ministro), empresa privada que devia ao Banco Nacional da Habitação (BNH) e entregou por 70 bilhões um terreno que valia 6 bilhões. Como era comum naqueles tempos de ditadura, depois da denúncia os jornalistas foram perseguidos e no lado oficial fizeram de conta que investigaram e ninguém foi condenado. Afinal eram todos amigos. Mais recentemente, um ex-presidente da Câmara dos Deputados foi apontado como o líder do esquema envolvendo a Caixa Econômica Federal (CEF) que desviava recursos para abastecer o caixa 2 de um partido e os bolsos dos envolvidos. Apenas uma dica: o partido é um daqueles que sempre esteve presente nos governos, seja com ministros ou outros cargos. Os recursos vinham do FI-FGTS (Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Outras denúncias apareceram e estão sendo investigadas, envolvendo ex-presidentes, ex-ministros e outros menos famosos. 

Rendimento
Com a queda nas taxas de juros para 2,25% ao ano, as taxas de remuneração dos investimentos em renda fixa terão uma queda significativa, no cenário atual investir em renda fixa em qualquer dos instrumentos relacionados ao CDI (certificado de depósito bancário) o rendimento será muito baixo. Por exemplo, num fundo com rendimento de 100% do CDI e taxa zero de administração, deduzidos os tributos deverá sobrar 1,95% ao ano. Na poupança o indicativo é de 1,43%.  Porém o FGTS tem remuneração garantida de 3% ao ano mais a TR (Taxa de referência) que atualmente é zero. Mas essa não é a única remuneração. A partir de 2011 a gestora dos recursos foi obrigada a repassar aos trabalhadores 50% dos lucros gerados pelos empréstimos feitos com esses recursos. Com isso a remuneração será os 3% mais a participação nos lucros, quanto será isso? É difícil prever com o novo cenário da economia, podemos olhar o passado. No ano de 2019 a distribuição dos lucros regou uma remuneração extra de 3% no ano, resultando num rendimento total de 6,18%. Como os recursos não são tributados pelo Imposto de Renda, o retorno foi superior a taxa Selic que estava em torno de 6%. 

Alternativa
Vamos imaginar que nesse ano não haverá distribuição de lucros dos empréstimos, o trabalhador terá garantido 3%, um rendimento acima das aplicações de renda fixa de baixo risco. Não é possível aplicar no FGTS, mas pode ser uma alternativa para aqueles que podem sacar os valores, mas possuem algum recurso aplicado. Para esse, é muito mais vantajoso deixar os recursos no FGTS e sacar de outras aplicações referenciadas em CDI. Quem diria? 

Listas
A reação é semelhante a encontrar algumas pessoas na lista de beneficiários do auxilio emergencial. Quem diria?