Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Queda

Dos 26 ramos industriais pesquisados, apenas dois não tiveram redução na produção: a elaboração de produtos derivados de petróleo e as indústrias extrativas.

Queda
A produção industrial do Brasil recuou 10,9% em maio, segundo divulgou o IBGE.  Entre as causas apontadas, a mais óbvia delas, e que ocupa grandes espaços na mídia, é a greve dos caminhoneiros. Dos 26 ramos industriais pesquisados, apenas dois não tiveram redução na produção: a elaboração de produtos derivados de petróleo e as indústrias extrativas. Pouco destaque ao ritmo de crescimento industrial que já vinha desacelerando desde abril. O importante é ter um culpado fácil de identificar. Nesse caso, os caminhões parados. Não vamos nos surpreender se em agosto a falta de remédios, algo corriqueiro em postos de saúde, for atribuída à paralisação ocorrida em maio. 

Tabela
Mas os problemas dos caminhoneiros não acabaram. A tentativa de estabelecer uma política mínima para o frete rodoviário foi debatida nesta semana com protestos das entidades representativas. A falta de habilidade do governo no episódio está gerando muitas dores de cabeça. A decisão mais simples foi reduzir o preço do diesel por certo período, os problemas maiores estão acontecendo agora. Como defender a política de livre mercado, e agora tentar garantir um valor mínimo de frete, é o problema que se apresenta. Os formuladores de políticas sempre defenderam a livre negociação, inclusive de salários. Para isso fragilizaram a parte mais fraca do mercado que é o empregado, retirando os recursos dos sindicatos. Como defender o mercado como soberano na intermediação dos negócios, e agora tentar fazer um preço mínimo para o frete? Os mais antigos devem lembrar-se dos tabelamentos de preços e suas consequências. Em algum ‘bolicho’ do interior talvez ainda se encontre uma tabela da antiga Sunab estabelecendo o preço máximo para o cafezinho, ou então o primeiro combo genuinamente brasileiro: média e pão com manteiga. O restante é história.

Padronizar?
Outra questão é como estabelecer um preço mínimo de frete para uma infinidade de situações. Cada carga tem suas particularidades e como consequência o seu frete. Algumas das variáveis envolvem distância, quantidade de entregas, natureza da carga, sazonalidade, riscos, tempo, condições da estrada. Para ficar apenas nas mais visíveis. Como tabelar tantas variáveis? Ou talvez tudo seja uma forma de pressão para tabelar os fretes de entidades governamentais como Conab e outras. O que irá gerar um grupo de beneficiados e será um forte estímulo a corrupção. Os problemas dos fretes estão ligados a questões econômicas. Com verbas generosas do BNDES, muitos investiram em novos caminhões com a expectativa de pagar o investimento e sobrar algum lucro. As condições mudaram. O frete diminuiu, onde existe demanda a oferta de caminhões derrubou o preço do frete. Quem investiu tem que decidir em deixar o caminhão parado ou trabalhar gerando resultados abaixo do previsto. Alternativa seria se desfazer do veículo,  nesse caso o preço está muito abaixo do que custou. Em poucas palavras, o subsídio acabou e a economia não reage. Agora tentam uma solução política para um problema de mercado. Quem vai pagar essa conta?