Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Primeiros culpados

Então, já encontramos os primeiros culpados: aqueles que desejam estudar.

Primeiros culpados
As primeiras decisões são esclarecedoras sobre as intenções do governo provisório. Estão cancelados novos financiamentos no programa ‘Minha Casa Minha Vida’. O objetivo deve ser para a população se abrigar embaixo da ‘ponte para o futuro’. Outra medida foi a suspensão de novas vagas para o Pronatec (programa nacional de acesso ao ensino técnico) considerado uma das portas de saída do programa Bolsa Família. Também estão suspensos novos financiamentos para o Fies (fundo de financiamento estudantil) aos alunos que devolvem o dinheiro após a formatura e que até o ano passado beneficiava 2 milhões de estudantes. Estão suspensas as concessões de bolsas de estudo dentro do programa para o ProUni (Universidade para Todos). Segundo o novo ministro da Educação (?), o estudante deve dar uma contrapartida ao governo. Nos discursos sempre ouvimos que precisamos investir em educação, porém, há uma longa distância entre discurso e prática. O recado é claro: educação é um gasto inútil que pode transformar o povo em algo perigoso. Não é investimento, é despesa. Pior que isso, é despesa que impede a gestão do país. Então, já encontramos os primeiros culpados: aqueles que desejam estudar.

Segundo
Além da educação, outro culpado pela situação do país é a saúde. Já manifestado pelo novo ministro da Fazenda, a intenção do governo que vai impor ‘ordem e trabalho’ é se livrar da obrigação constitucional dos gastos com saúde e educação. O nome bonito para tal medida é ‘desvinculação das despesas obrigatórias’, segundo um ministro isso é parte fundamental da proposta de emenda constitucional. Em outras palavras, vão alterar a Constituição para diminuir os recursos com educação e saúde. O pior aspecto dessa manipulação é que os gastos não são fixos. Eles são um percentual sobre as receitas líquidas do governo de 18%. Se as receitas diminuem, os recursos diminuem na mesma proporção. Imagine que as receitas fiscais foram de 100 no ano que passou, o gasto obrigatório com educação é de 18. Neste ano o PIB vai cair e o reflexo disso será, hipoteticamente, uma queda de 5% nas receitas fiscais. Com isso, o valor para a educação, assim como na saúde, cairá na mesma proporção. Em função disso a verba para a educação do próximo ano cairá de 18 para 17,1% (uma queda de 5%). Ou seja, o valor a ser gasto cairá na mesma proporção até um teto mínimo estabelecido por lei. Se os recursos diminuem na mesma proporção da receita, por que cortar? Imagino que seja para imbecilizar ainda mais a população, assim ficarão em frente a um aparelho de televisão, onde serão anestesiados com entretenimento barato de baixa qualidade e esquecerão a fila no posto de saúde. 

Tributos
Tudo isso para não aumentar a carga tributária. Um exemplo é a isenção de lucro e dividendos distribuídos pelas empresas aos acionistas. Esse imposto foi extinto em 1995. Se ele voltasse daria uma arrecadação de R$ 43 bilhões por ano. Mas nesse caso a Avenida Paulista iria lotar dizendo que não querem pagar o pato. Então, já sabemos que parte do pato foi destinada aos estudantes e usuários da saúde pública.