Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Previsões

Alguém já viu um desses gurus que fazem previsões dizer que o próximo ano será uma maravilha, sem acidentes, sem tragédias?

Alguém já viu um desses gurus que fazem previsões dizer que o próximo ano será uma maravilha, sem acidentes, sem tragédias? Alguém conhece as profecias de Nostradamus antes dos acontecimentos? Difícil. Geralmente depois do acontecido alguém lê as centúrias e afirma que ele havia previsto. Somente depois, nunca antes. Alguém conhece previsões econômicas que aconteceram? Também é difícil. Vamos revisar algumas feitas nesse mesmo período no ano anterior.

PIB e inflação

O Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, com base nas estimativas dos operadores do mercado financeiro, no início de 2011 indicava um crescimento do PIB de 4,5% no final do ano. Resultado: se as vendas natalinas forem surpreendentes, chegaremos a 3%. A inflação medida pelo IPCA registrava uma mediana das previsões de 5,21%; tudo indica que dará 6,5%. Os juros básicos vão fechar o ano em 11%, bem abaixo das previsões, de 12,25%. As projeções eram de crescimento industrial de 5,35%, mas deveremos fechar o ano com 2%. Em resumo: muitos erros e poucos acertos.

Balança comercial

Quando olhamos a balança comercial, as previsões do mercado perdem de goleada. Em 2010 previam um déficit comercial de US$ 10 bilhões, mas deveremos fechar o ano com superávit de US$ 30 bilhões, ou quatro vezes mais que o previsto. O investimento estrangeiro direto, aquele que é feito em empresas e não no mercado financeiro, deverá ser o dobro do projetado. Por que tanta diferença? Porque as decisões são tomadas por humanos e qualquer alteração no cenário global altera as decisões dos investidores. Acrescentemos a isso a facilidade de transferência de recursos e temos um mundo volátil como jamais existiu na história da humanidade.

2012

Se a travessia de 2011 foi turbulenta, causada principalmente pelos problemas na zona do euro, a de 2012 não promete calmaria. Isto é, se o mundo não acabar conforme as previsões dos Maias. As previsões mais pessimistas são de que a crise na zona do euro continuará por mais tempo e poderá chegar a um ponto de ruptura. A crise revelou que os acordos de déficit público não foram respeitados. Enquanto havia financiamento fácil, políticos oportunistas aproveitaram. No final da festa o garçom está apresentando a conta e ficamos sabendo que a Grécia deve 160% do PIB. E se não a socorrerem, a sobremesa será indigesta para os demais países.

O desdobramento dos cenários poderá ser uma intervenção mais agressiva do Banco Central Europeu para evitar que ocorra ruptura num cenário bastante remendado. Mas, se ela ocorrer, com a exclusão de algum país, a economia mundial e, em particular, a brasileira, poderá passar por um período de turbulência igual a de 2008, com avanços rápidos rumo à recessão. É torcer para que não ocorra. Ou terá sido essa a previsão dos Maias?