Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Previsões e projeções

Qual a importância da previsão de crescimento do PIB (produto Interno Bruto) para o executivo de uma empresa?

Qual a importância da previsão de crescimento do PIB (produto Interno Bruto) para o executivo de uma empresa? Se ele não souber como é formado esse indicador, e como pode ser utilizado, isso pode atrapalhar mais do que ajudar. Infelizmente poucos gestores conhecem os detalhes. O primeiro ponto importante é que esse indicador econômico é uma média de todos os setores econômicos, ou seja, há segmentos que crescem mais e outros menos, há uma dispersão em torno da média. O segundo ponto importante é que o conceito de crescimento econômico foi criado por David Ricardo, há mais de um século atrás, quando as principais economias eram agrícolas e seus estudos foram publicados quando a Inglaterra estava vivendo a primeira revolução industrial. É claro que o indicador foi sendo aperfeiçoado com o passar do tempo, porém, como premissa para projeções ainda demonstra muitas falhas, pois as economias dos países são formadas de muitos setores que o PIB ainda não consegue capturar e avaliar corretamente. PIB e empresas Como diz o administrador e Dr. Stephen Kanitz, o que cresce são as empresas, e o PIB é reflexo desse crescimento. A grande maioria das empresas tem um crescimento diferente do PIB, que pode ser acima ou abaixo. Como ele é responsável pela publicação do desempenho das empresas brasileiras de uma revista nacional, possui um banco de dados das maiores empresas do país e, com base nele, divulgou recentemente as suas previsões para o ano que se inicia. Segundo seus estudos 10% das empresas irão crescer em 2010 mais do que 35%. 20% das empresas irão crescer em 2010 mais do que 23%. Neste percentual estão incluídas 10% das empresas que crescerão os 35% acima. Se for reduzido o percentual de crescimento para 14%, o percentual de empresas que crescerá acima disso sobre para 30%. Ou seja, já dá para perceber como estas previsões de crescimento do "PIB" de 4,5% a 6% para o próximo ano, apresentadas por vários analistas, podem atrapalhar os executivos de empresas, devido à grande variabilidade. Crescimento negativo Recentemente, ouvi do administrador de uma instituição que a conta de recursos financeiros teve um crescimento negativo, é uma forma elegante de dizer que as reservas estavam sendo consumidas. Da mesma forma, ao invés de dizer que a empresa está regredindo, dizem que o crescimento é negativo. Segundo os dados do Dr. Kanitz, em 2010 30% das empresas irão ter queda de vendas de 2,0% ou mais. 20% das empresas terão quedas superiores a 4,8%. Com esses dados dá para verificar porque o crescimento do PIB é disperso e não poder servir como único indicador de projeção das empresas. Identificação Quando essas previsões são feitas de forma simplória com base apenas na projeção do PIB, podem levar a grandes equívocos tais como, corte ou de investimentos ou redução de pessoas, levando a empresa a ser menos agressiva, ou se satisfazer com resultados positivos que estejam muito aquém do que seria possível. Por outro lado podem levar a investir sem necessidades ou exigir resultados que não podem ser alcançados.