Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Previdência privada

Veja só: o senhor fez um plano de aposentadoria para ser usufruído durante 15 anos. Só que este tempo passou e o senhor continua vivo.

Previdência privada
Mas o senhor não morreu? O senhor não está cumprindo o que foi contratado. Veja só: o senhor fez um plano de aposentadoria para ser usufruído durante 15 anos. Só que este tempo passou e o senhor continua vivo. Agora o seu dinheiro acumulado acabou e o senhor culpa a nossa empresa de não cumprir o contrato? Pelo contrário, meu senhor, nós cumprimos pagando pontualmente o valor que lhe era devido, quem não cumpriu foi o senhor que insiste em viver além do que estava previsto quando fizemos o contrato. 

Brincadeira
Como todos sabem, na previdência privada o beneficiário usará apenas os recursos acumulados em sua conta e nada mais. O parágrafo acima é uma brincadeira, talvez um pouco lúgubre, mesmo assim, uma piada. É uma forma engraçada de mostrar a preocupação das empresas de previdência privada com as aposentadorias dos seus beneficiados. Uma das mais relevantes é a equalização entre as contribuições para a formação do montante que vai gerar o benefício e o tempo de vida para usufruir do mesmo. Esta semana estive participando de um congresso sobre previdência privada. A principal preocupação dos órgãos reguladores e dos principais agentes do setor é o aumento da expectativa de vida da população. Esse aspecto é benéfico sob o aspecto de longevidade das pessoas, por outro lado gera uma preocupação sobre o montante necessário para manter uma condição digna por mais tempo.

Passado e futuro
No passado é onde tomamos as decisões relacionadas ao futuro. Ocorre que a evolução não foi devidamente acompanhada pela precaução. A equação que num primeiro momento parece relativamente simples se torna mais complexa com o passar do tempo. Maior tempo de vida exige maiores recursos para suportar esse período sem a dependência de terceiros e com boa qualidade. Ocorre que muitos tomaram essa decisão quando a expectativa de vida era de 60 anos. Assim uma aposentadoria aos 55 era algo normal e necessitava de um montante de recursos. Porém, com a evolução, as pessoas começaram a ter uma vida mais longa. Quem nasceu em 1960 tinha uma expectativa de vida de 52,5 anos, os nascidos em 1980 tinham uma expectativa de 62,5 anos.

Atual
A expectativa atual é de um tempo médio de 75,8 anos. No período de aproximadamente cinco décadas, a expectativa aumentou em 23 anos. Dessa forma, quem entrou no mercado de trabalho nos anos 80, estimava trabalhar 35 anos para depois se aposentar e usufruir em torno de 10 anos de aposentadoria. O tempo de aposentadoria foi ampliado. A solução simples é trabalhar mais tempo, ou então, acumular mais valores. O que sabemos com certeza é que sob as mesmas premissas não obteremos uma aposentadoria privada digna. A pergunta que deve ser respondida é quanto devo acumular durante um período (tempo de trabalho) para ter um montante que eu possa usufruir durante um certo tempo (período de aposentadoria). Não é uma pergunta fácil de ser respondida, nem uma equação simples. Se a questão for para a previdência pública, o assunto é ainda mais complexo. Mas fica para outra ocasião.