Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Presente de grego

A Grécia poderá entrar para a história como a salvadora da utopia do euro.

Presente de grego
E os gregos votaram não. Com isso continua o tumulto na Zona do Euro, região que o ex-ministro brasileiro Delfim Netto denomina de ‘Eurolândia’. O resultado surpreendeu? Nem tanto. O que os demais países da união europeia esperavam num país em que as medidas impostas pelos vizinhos criaram 25% de desemprego? Segundo os especialistas, incluindo o prêmio Nobel Paul Krugman, a saída da Grécia da Zona do Euro é a opção menos ruim. Igual a outras economias do Velho Continente, o país tem um problema estrutural de baixa produtividade. Sem investimentos de base não faz sentido um país com elevadas diferenças querer competir e, ao mesmo tempo, executar programas de ajustes fiscais.

Utopia
A Grécia poderá entrar para a história como a salvadora da utopia do euro. Como? A decisão tomada no último domingo poderá trazer para as negociações os demais países endividados. Não podemos esquecer que são poucos países com superávit. A Grécia é só o mais exposto. Os demais que já mostraram seus problemas e a população demonstra insatisfação com as medidas de austeridade impostas. Muitas dessas medidas se destinam a manter uma aparente igualdade entre condições desiguais. Em muitos países crescem as insatisfações internas com fortes questionamentos sobre a permanência na ‘Eurolândia’. Não defendemos o calote da dívida, mas uma solução que não seja um castigo. Na região, o último país a ter um garrote econômico gerou lideranças que levaram para as matanças das guerras.

História
Eduardo Galeano, grande escritor uruguaio, dizia que a história é uma senhora que caminha devagar, provavelmente querendo nos dizer que demoramos a apreender. Talvez esse seja o momento de resgatar alguns fatos históricos. A Alemanha hoje é apontada como guardiã das economias do euro, mas nem sempre foi assim. Como foram pagas as dívidas da Primeira Guerra Mundial? Não foram. Essa é uma das causas apontadas para a Segunda Guerra. Depois de anos de carnificina a Alemanha foi novamente derrotada. As leis da guerra dizem que cabe ao derrotado ressarcir os vencedores pelos custos da guerra? Como a Alemanha fez isso? Não fez. Em 1953 o que foi chamado de ‘Acordo da Dívida’, realizado em Londres, cancelou 60% da dívida externa alemã e as pendências internas foram reestruturadas. Os resultados dessas medidas ajudaram a formar o grande país que existe hoje. A história está disponível para os que desejam aprender.

Situação
Com exceção das mortes e do tempo decorrido, a situação econômica dos dois países são semelhantes. Ao final da Segunda Guerra o endividamento da Alemanha era de 200% do PIB; a Grécia hoje deve 180% do PIB.