Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Prêmio Nobel

Academia sueca concede o Nobel de Economia de 2019 a três estudiosos que se dedicaram a propor medidas para combater a pobreza

Sinais de mudanças nos estudos de economia. Assim pode ser entendida a decisão da academia sueca de conceder o Nobel de Economia de 2019 a três estudiosos que se dedicaram a propor medidas para combater a pobreza. Algumas pessoas acreditam que a terra é plana e que pobreza é uma escolha. Os mais radicais vão além ao acreditar que os pobres estão nesta situação porque são vagabundos. Esses devem estar de cabelo em pé com a decisão do maior prêmio de economia concedido justamente a quem se dedica a combater o problema. A contribuição de Banerjee, Duflo e Kremer se tornou importante no mundo frio da economia ao abordar a pobreza como um problema multidimensional e não apenas como a falta de recursos. Primeiramente eles reconhecem que a pobreza continua sendo um problema que exige muita atenção, sob o risco de por em risco as instituições e inclusive a democracia. Algo que já vem sendo alertado há algum tempo por outro economista famoso: Thomas Piketty. 

Pobreza 
O Banco Mundial considera a linha de extrema pobreza aqueles que vivem com menos de 1 dólar por dia, em torno de R$ 4. Os estudos procuraram entender como é viver com menos que essa quantia. Um deles, denominado “A vida econômica dos pobres”, descreve como eles sobrevivem e as decisões que precisam tomar diariamente sobre o que renunciar e onde colocar os escassos recursos. Outro artigo premiado aborda como os pobres enxergam a educação e a sua complacência com a má qualidade das escolas. Isso ocorre porque os pais geralmente são analfabetos e com isso não conseguem avaliar que os filhos não estão aprendendo o suficiente. Em alguns países os pais consideram o gasto com educação como um desperdício e preferem concentrar os recursos em apenas um dos filhos, geralmente do sexo masculino. Os trabalhos premiados foram realizados em 13 países envolvendo países da África e Américas e são considerados inovadores sob vários aspectos: o primeiro deles é a metodologia utilizada que foram experimentos realizados em locais específicos. O segundo é que as soluções propostas  fogem das receitas tradicionais de propor grandes soluções para combater a pobreza. 

Exemplos 
A vacinação é importante nas regiões pobres. Um dos experimentos foi de levar um centro móvel de vacinação até as vilas. Com isso, as pessoas não precisavam se deslocar para vacinar os filhos. A cobertura aumentou de 6% para 18%. Em alguns lugares davam um saco de lentilhas para as famílias que levavam os filhos para vacinar. Nesse grupo a taxa subiu para 39%. Mesmo com os custos de deslocamento e com a comida, o custo da vacinação caiu pela metade. Outro experimento foi com a sensibilidade ao preço. O estudo mostrou que se o remédio contra vermes for gratuito, 75% dos pais o darão aos filhos, mas se ele custar menos de 1 dólar (preço subsidiado), a porcentagem cai para 18%. Pode parecer óbvio, mas poucos estudos se dedicam a estudar grupos com recursos escassos. Prêmio merecido.