Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Poupança

Criada por Dom Pedro II, a caderneta de poupança tinha por objetivo “receber as pequenas economias”, remunerando com juros de 6% e com a garantia do Governo Imperial.

Criada por Dom Pedro II, a caderneta de poupança tinha por objetivo “receber as pequenas economias”, remunerando com juros de 6% e com a garantia do Governo Imperial. Ela sempre foi um instrumento de economia popular, permitindo, inclusive, que os escravos pudessem ter sua caderneta onde constava o nome do “senhor”. No Século 20, com o surgimento da inflação, a poupança começa a pagar correção monetária. Nos anos 1990 surge a Taxa de Referência (TR) calculada com base nos rendimentos dos CDBs. Em períodos de inflação alta ela não era considerada como investimento. Constava, inclusive, em livros de finanças como uma espécie de refúgio para manutenção do poder aquisitivo. Decorre deste aspecto a isenção de tributação do Imposto de Renda. Mais recentemente, devido à queda dos juros, as autoridades voltaram a debater novas mudanças que envolveram a tributação dos rendimentos ou a alteração na remuneração. Pelo breve histórico podemos observar que passado um século e meio, a popular caderneta de poupança resistiu bravamente ao tempo se adaptando às mudanças e estas nunca envolveram redução de juros, o que confirma que a nossa história sempre foi pautada por taxas elevadas.
Mudança
Eis que é chegado o tempo em que o mecanismo mais popular de poupança interna pode se tornar o empecilho para a redução das taxas de juros. A solução encontrada foi criar uma “nova poupança”, com novas regras de rendimento. A poupança “antiga” continuará a pagar 0,5% de juros ao mês mais a TR. Por exemplo: uma aplicação realizada em 8 de maio de 2011 rendeu 7,28% no período de um ano. O mesmo valor aplicado em um fundo de renda fixa, vinculado ao CDI, teria resultado num rendimento bruto de 11,09%; descontada a taxa de administração de 1% e deduzidos os impostos, o rendimento líquido foi de 8,07%. Essa pequena diferença deixará de ser interessante para o investidor em função da maior liquidez da poupança e da isenção de tributos. Daí vem a necessidade de uma “nova poupança” que não alterasse as regras vigentes para as atuais.
Nova remuneração
Pelas novas regras, se a taxa básica de juros permanecer em 9% ao ano, a poupança continuará rendendo nas mesmas condições, ou seja, 0,5% ao mês mais a TR. A partir de uma taxa básica de 8,5% ao ano ou menos, o rendimento passará a ser 70% da taxa de juros mais a TR. Continua a isenção do Imposto de Renda. Considerando que a tributação mais baixa nas aplicações de renda fixa de longo prazo é de 15% sobre o ganho, o rendimento da poupança ficará um pouco menor que as demais aplicações. No caso de fundos de renda fixa, um fator determinante para a rentabilidade será a taxa de administração dos gestores. Isso irá definir se o rendimento será superior ao da poupança, ou não.