Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Porque ocorrem crises?

Segundo George Soros é devido a reflexividade, ou seja, as pessoas são os agentes e o reflexo das suas próprias atitudes.

Porque ocorrem crises? Segundo George Soros é devido a reflexividade, ou seja, as pessoas são os agentes e o reflexo das suas próprias atitudes. Ao tomar uma decisão, as pessoas influenciam umas as outras e o que poderia ser um benefício para alguns, torna-se o prejuízo de todos. Alguns denominam isso como “efeito manada”, quando todos começam a tomar decisões semelhantes sem saber exatamente porquê. Para dois dos principais economistas da atualidade, George A. Akerlof e Robert J. Shiller, porém, a explicação está sobretudo na interferência da psicologia humana na tomada de decisões. Em um livro que está sendo lançado nos Estados Unidos denominado “Espírito Animal” eles defendem a teoria de que as mudanças ocorrem nas percepções do mercado ao invés dos fundamentos econômicos. Keynes renovado Os autores, de certa forma, retomam as ideias do grande economista John Maynard Keynes, de que a atividade econômica é guiada não apenas por motivos racionais, mas também pelo instinto das pessoas que fornecem o combustível necessário para as fortes flutuações do mercado. Essa é uma idéia que vem sendo bastante discutida, a grande maioria dos modelos econômicos considera que a reação das pessoas é previsível, dentro do conceito do “mercado eficiente”. Quando os preços dos ativos estão em alta, as pessoas se sentem menos encorajadas a economizar, e alguns, chegam a considerar seus ganhos em aplicações ou a valorização de um imóvel como parte das suas reservas. Efeitos Em seis anos, de 2000 a 2006 o preço dos imóveis americanos aumentaram 70%, as ações acompanharam a alta, e os demais agentes financeiros se propuseram a financiar compras de imóveis a pessoas sem condições de pagar. Isso pode ter ocorrido devido ao excesso de confiança. Nos modelos econômicos a confiança é racional, as projeções são feitas com as informações disponíveis e com base apenas na razão. Mas como sabem os pesquisadores, não há uma medida confiável para mensurar confiança. Quando os agentes começam a desconfiar do mercado, o medo substitui a confiança e os mercados desabam num primeiro momento e ficam paralisados depois. O efeito não fica restrito apenas aos que compraram casas e não puderam pagar, mas a todos os demais que perderam a confiança no futuro e buscam reter seus valores paralisando a economia. A importância da análise Alguns economistas defendem que além de medidas econômicas, as autoridades monetárias devem devolver a confiança aos mercados. Para os americanos o índice de confiança do consumidor é mais importante que muitos indicadores econômicos. O que vale para a economia também vale para as organizações. A confiança no gestor é fator importante para o bom desempenho. Porém, como explicar a importância de um fator intangível como a confiança para alguém que não sabe interpretar um indicador financeiro? Em alguns casos a situação é ainda pior, o gestor não sabe as causas do bom desempenho e quando ocorre a mudança não vai saber por que o desempenho piorou. Um indicador é apenas um numero que mostra o resultado das decisões tomadas ao longo do tempo, a sua interpretação é quase uma arte, mas geralmente é necessário um pouco de conhecimento, interpretação e na maioria das vezes, apenas ouvir.