Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Por todo lado

É crise por todo o lado...

É crise por todo o lado, podemos escolher a que mais nos agrada ou a que atende os nossos interesses. Para quem nutre o sentimento antiamericano, o rebaixamento dos títulos foi uma pequena vingança. Para quem acha que os europeus são arrogantes, a crise que ronda a zona do euro traz esperanças de injetar uma boa dose de humildade. Um dos efeitos colaterais desta crise é constatar a hipocrisia de alguns governantes. Quando a avaliação das agências de riscos era feita para outros países, estava tudo correto. Quando a avaliação é do próprio país, e é desfavorável, começam a surgir críticas quanto à metodologia adotada. Há algumas semanas o presidente da França e o primeiro ministro da Itália fizeram coro com alguns políticos americanos nas críticas às agências classificadoras. Segundo eles, a agência Standard & Poors (a primeira a rebaixar os títulos americanos) é muito fundamentalista em seus critérios.
Agências
Quando esses critérios foram usados para Brasil, Argentina, México e outros países periféricos, nunca foram questionados. Ao contrário, a classificação de risco era como um dogma prontamente aceito. Alguns economistas tupiniquins faziam suas observações em horário nobre e uma das frases mais repetidas era “o Brasil precisa fazer a lição de casa”. Poucos explicavam qual era a famosa “lição de casa”, apenas repetiam o que vinha dos gestores de fundos estrangeiros e dos técnicos do FMI. Da mesma forma, três anos atrás, por ocasião da crise das hipotecas americanas, as agências foram criticadas. Porém, os motivos foram outros. Os critérios frouxos que elas utilizaram para dizer que lixo era título de investimento. Afinal, os critérios são frouxos ou muito rígidos? Depende de quem é analisado.
Significado histórico
O acontecimento não tem precedentes na história financeira do mundo. Até hoje o título do tesouro americano era referência no mercado de ativos. Deixou de ser. Alguns países, como Canadá, Alemanha e Suíça, terão títulos de dívidas de qualidade melhor que os americanos. Isso poderá causar um problema para quem quiser manter reservas, uma vez que as necessidade destes países não permitem elevadas captações como fazem os americanos endividados. A classificação feita por uma empresa americana significa que ela está dizendo para os investidores que, a partir de agora, há uma possibilidade de calote da principal economia do mundo. Em outras palavras: o resultado das receitas e despesas públicas não garante que a dívida seja honrada.
Significado financeiro
A expectativa é de que mais uma agência importante rebaixe a qualidade dos títulos. Esse aumento do risco vai fazer com que algumas instituições sejam impedidas de adquirir estes títulos. Em alguns casos, terão quer se desfazer deles, pois os estatutos não permitem a manutenção de tresuries rebaixados em carteira. São bancos centrais, fundos de pensão, seguradoras e fundos conservadores. O problema é que não há muitas opções para a substituição.