Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Pode

 A decisão de elevar a taxa de juros de 5,25% para 6,25% não surpreendeu o mercado

Como foi declarado, o que está ruim pode piorar. Seria uma declaração ou uma previsão? Pode ter sido uma antecipação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) ou a projeção de mais um aumento do diesel? Os dois eventos aconteceram esta semana, será que era isso que estavam se referindo, ou tem mais para acontecer? A mensagem é enigmática, tipo as profecias de Nostradamus, e tal como estas só são relacionadas depois dos eventos acontecerem, ninguém avisa antes: “veja, há uma profecia de que isso vai acontecer esse ano”. Não. Depois de acontecido surge a profecia. A dúvida persiste: acabaram as notícias ruins ou foi apenas o prenúncio de que tem algo mais a surgir?

Surpresa
 A decisão de elevar a taxa de juros de 5,25% para 6,25% não surpreendeu o mercado. A surpresa veio com a ata divulgada onde consta que, para a próxima reunião, prevista para o final do mês de outubro, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. As justificativas ficam naquela zona nebulosa onde a retórica é utilizada para não dizer de forma clara e, assim, evitar mais destaques ao que não é dito. Veja a declaração: “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, a declaração está em desacordo com os dados recentes. 

Metas
A meta de inflação é de 3,75% para o ano de 2021, até o momento o índice acumulado nos últimos 12 meses é de 9,68%. Olhando o cenário, fica a dúvida de que forma se dará o milagre para a inflação recuar? Outra pergunta que pode ser feita neste momento é até que níveis as taxas de juros deverão subir para evitar que a inflação continue acelerando?  De acordo com o Copom, a decisão dependerá da evolução da atividade econômica, pois vamos aos números: até o momento, o PIB cresceu 1,8%, em valores, o tamanho do PIB está no mesmo patamar de 2012. Para termos uma referência é como se em nove anos nada de riqueza fosse acrescentada ao país. Nesse ponto surge uma grande dúvida, se a taxa de juros for aumentada para combater a inflação, terá como efeito inibir o consumo? E daí? Se perguntará o leitor. Daí surge o desafio de fazer a economia crescer e combater a inflação ao mesmo tempo?  O remédio para um problema pode ser o veneno para o outro problema. Os analistas acreditam que ainda há espaço para aumentar a taxa de juros, pois no cenário atual, a taxa de juros real (taxa de juros nominal menos a taxa de inflação) é negativa. Isso faz com que os efeitos na economia não tenham efeitos substanciais. O principal desafio é voltar a aquecer a economia. 

Atento
Um dos meus 18 leitores me envia um exemplo de estupidez: um familiar seu se recusa a ser vacinado contra a Covid-19. A vacina é gratuita, não causa prejuízo financeiro ao vacinado. Mas a recusa, tem o potencial de causar muitos prejuízos a toda a sociedade. Pode ser em gastos hospitalares, se o cidadão for contaminado. Pode ser mais abrangente se ele contaminar outras pessoas. Nesse caso, os gastos seriam exponenciais e os danos à sociedade vão além do financeiro. São alguns dos efeitos econômicos da estupidez.