Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Petróleo

Em reunião ocorrida nesta semana, a OPEP decidiu reduzir a produção de petróleo em 2 bilhões de barris por dia

Em reunião ocorrida nesta semana, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiu reduzir a produção de petróleo em 2 bilhões de barris por dia. Esse é o maior corte desde o início da pandemia. O reflexo dessa decisão pode ser o aumento nos preços, que passou de 90 dólares para 120 dólares, valores de três meses atrás. Alguns países pressionaram a organização para que não fizessem a redução, entre eles estão os Estados Unidos, o maior consumidor do produto, mas, ao que parece, os donos do “ouro negro” não estão ligando se o mundo ainda não se recuperou da recessão causada pela pandemia. O negócio deles é aproveitar o máximo os anos derradeiros da dependência energética do petróleo. 

Negociação
Os países que compõem o cartel do petróleo não são muito afeitos a negociações, tampouco ao diálogo. As cinco nações fundadoras são: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela. Isso foi lá nos anos 1960, com o tempo outros países foram incluídos, a maioria deles estão na África e possuem pouco poder de influência em relação aos fundadores. A decisão da OPEP poderá gerar reações políticas dos países mais influentes, entre os quais os Estados Unidos, porém, no cenário atual, as alternativas de fontes de energia diminuíram sensivelmente. Alguns países acusaram a Rússia de usar a energia como arma de pressão, com fortes possibilidades de gerar racionamento de gás durante o inverno europeu. Por sua vez, a Rússia acusa o uso do dólar e o swift (sistema financeiro) como arma de pressão em represália a invasão da Ucrânia. Em meio a essas brigas, a OPEP aproveita para lucrar. 

Brasil
E como fica o Brasil no meio dessa briga energética? Poderia ficar melhor, mas, a política dos últimos anos é de reduzir a participação da Petrobras, até ser possível passá-la integralmente à iniciativa privada. Nos últimos quatro anos foram vendidos 63 ativos da empresa. Entre eles estão subsidiárias, refinarias, campos de petróleo, terminais, gasodutos, usinas termelétricas, usinas eólicas, entre outros. Dizem os especialistas, que as vendas foram à preço de liquidação. Mas, o problema maior é o estratégico. Quando surgem as crises causadas pelo preço do petróleo, a justificativa para o aumento de preços é nossa pequena capacidade de refino. Se esse é o verdadeiro motivo, deveríamos investir em aumentar essa capacidade. Mas o que se observa é o contrário. Até o momento, uma refinaria foi vendida e mais 3 já estão com as condições de venda acordadas. Além disso, outras 4 refinarias estão na lista do “shopping petrolífero”. É difícil de entender? A resposta é sim. E também há um detalhe, no mínimo curioso, e que deveria ser motivo de algumas reflexões: muitos dos compradores são empresas estrangeiras de propriedade do estado, ou seja, estatais estrangeiras comprando empresas e/ou reservas de uma estatal brasileira. Fica mais difícil ainda de entender.