Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Petróleo: entregar ou explorar?

A cotação é feita no mercado internacional e entregamos nosso petróleo justamente para as empresas internacionais que dominam o mercado mundial.

Petróleo: entregar ou explorar?
No meio da Copa as notícias passam despercebidas, mas o enredo é assim: a greve dos caminhoneiros expôs a política de preços da Petrobrás. A justificativa da empresa é a cotação internacional do petróleo. Menos de duas semanas depois é realizado um leilão de reservas de petróleo do pré-sal e empresas multinacionais ganham o direito de explorar o petróleo brasileiro. Não parece o samba do crioulo doido? A lógica deve ser a seguinte: temos petróleo, entregamos para os estrangeiros e ficamos dependentes do mercado internacional; quando poderíamos ter a seguinte diretriz: temos petróleo, vamos nos aperfeiçoar, investir para explorar e não depender do cenário internacional. O maior consumidor de petróleo do mundo, que são os Estado Unidos, não adota uma política como a aplicada pela Petrobrás. Eles exigem que as companhias tenham uma reserva de petróleo para evitar aumentos repentinos de preços. Dá para entender? A cotação é feita no mercado internacional e entregamos nosso petróleo justamente para as empresas internacionais que dominam o mercado mundial.

Preço vil
Uma pesquisa simples na internet mostra que há pouco tempo alguns comentaristas econômicos, daqueles que nos assombram à noite nos telejornais, diziam claramente que o petróleo do pré-sal era uma invenção do governo. Um desses ‘colonistas’ sardento afirmou que era somente campanha de governo. Pois bem, agora estamos vendendo o petróleo para as empresas multinacionais. Sempre haverá um ex-paneleiro (será que existem? Para onde foram? Como vivem? Em breve no...) para dizer que pode ser melhor negócio vender agora do que explorar no futuro. Será melhor vender um barril de petróleo a R$ 0,26 (vinte e seis centavos o barril)? Não se enganem, esse não é o preço por litro, é o preço por um barril de petróleo contendo aproximadamente 159 litros, que após o refino vai gerar em torno de 63 litros de diesel e 29 litros de gasolina, entre outros derivados. Outro paneleiro poderá argumentar que há custos de extração, refino, comercialização, etc... É verdade. No momento em que escrevo, a cotação está em 65,70 dólares com a cotação a R$ 3,70, então temos um barril cotado a R$ 243 vendido a R$ 0,26.

Opção pelo atraso
Outro ponto que deve ser lembrado é que empresas como Statoil, Exxon e Shell estão em busca dos seus direitos legítimos de buscar lucros para os acionistas. Em dois anos foram realizados cinco leilões. Apenas um poço produz 50 mil barris por dia, o que representa 63% de toda a produção da Itália. Mas as estrangeiras devem ser idiotas, espertos somos nós que estamos entregando recursos. Além da entrega de reservas, o futuro pode ser comprometido por outros impactos. Há uma lei que obriga a investir parte dos lucros do pré-sal na educação. Vendendo as reservas não haverá esse recurso. Deve ser uma nova forma de alcançar a ‘mudernidade do atraso’.