Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Petróleo e receita

Estamos em um momento de que a pregação pela privatização ganha força e que basta questionar a decisão (não precisa ser contra), para ser rotulado de comunista, socialista e alguns outros “istas”

As maiores empresas petrolíferas do mundo são estatais. Das 20 maiores, 13 pertencem ao estado. Muitos podem pensar que isso ocorre devido a regimes autoritários como o dos países árabes ou da China, mas não é o que ocorre. Nesta lista estão empresas da Rússia, Malásia, Noruega e México. Muitas delas adquiriram nossas reservas de pré-sal que foram leiloadas. Dizem os especialistas que foram doadas, devido o preço baixo. Também sei que estamos em momento de que a pregação pela privatização ganha força e que basta questionar a decisão (não precisa ser contra), para ser rotulado de comunista, socialista e alguns outros “istas”. Se for defender a empresa Petrobrás então você está defendendo a corrupção. O passo seguinte é ser condenado pelo STF (Supremo Tribunal do Facebook). Mas vamos com calma. Se houve roubo e corrupção que sejam todos punidos. Se a empresa tem problemas de gestão que se aprimorem os mecanismos de controle. Simplesmente se desfazer ou sucatear a empresa não é a melhor solução. 

Dependência
Alguém com um pouco de conhecimento vai questionar a competência da empresa, o valor das tecnologias desenvolvidas, o domínio de tecnologias exclusivas e o seu posicionamento estratégico para o futuro do país. Nesse momento é aconselhável rever o passado e as razões para a criação da Petrobrás. O principal motivo foi reduzir a dependência estrangeira. Uma pergunta óbvia: É bom para o país ter controle sobre a produção de derivados de petróleo ou é preferível entregar para terceiros? Outra questão: O que faz com que empresas privadas e estatais estrangeiras venham ao Brasil comprar as reservas de petróleo? Nesse caso a resposta é simples. Ou são muito ingênuos ou vislumbram a possibilidade de ganhos. O problema não é a empresa. É o uso politico que fazem dela. 

Deputados
Exemplo de como a política pode interferir nos negócios do país sem estar na gestão de uma estatal. Em dezembro de 2017, alta madrugada, os deputados “defensores dos interesses da Pátria”, aprovaram a medida provisória 795 que concede isenção de impostos para as empresas estrangeiras que exploram petróleo no Brasil por 20 anos. Tamanho do prejuízo: 50 bilhões de reais por ano. Segundo estudo da Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Federais), o custo será de 1 trilhão de reais. Sei que não parece muito, afinal a reforma da previdência vai poupar isso em 10 anos. Porque as multinacionais não precisam pagar imposto, considerando que vão explorar o petróleo no Brasil? Para aqueles que acham isso pouco (eles existem, acreditem), colocaram no pacote o perdão de 58 bilhões de reais de tributos sobre lucros que foram enviados ilegalmente para o exterior. Porque não existe empenho ou debate para revisar o benefício concedido dois anos atrás? Mistério. O Congresso tenta revisar o tempo do beneficio, afinal precisamos economizar. As empresas pressionam dizendo que se isso for feito não irão explorar nosso petróleo (por favor, não riam). Mas como as empresas têm mais lobby do que os aposentados esse assunto não faz parte do debate. O que importa é a previdência. Robin Hood ao avesso: tirar dos pobres para dar aos ricos.