Perdas
Ao saber da morte do Silvio “chatinho”, tive vontade de xingar
Ao saber da morte do Silvio “chatinho”, tive vontade de xingar. Xingar com força todos os negacionistas e demais “terroristas” que nos colocaram nessa situação. Amaldiçoar aqueles que desprezam a ciência, os que atrasaram a vacina, os que divulgam falsas curas. Xingar e gritar até cansar. Depois, chorando em silêncio em algum canto, lembrei que ele merece mais que isso. Na falta de palavras e com olhos embaçados de lágrimas, lembrei do poema recebido tempos atrás de autoria do artista cubano Aléxis Valdés, publicado em 20 de março de 2020. Penso que é uma boa homenagem. Fique em paz, amigo.
Quando a tempestade passar,
as estradas se amansarem,
E formos sobreviventes
de um naufrágio coletivo,
Com o coração choroso
e o destino abençoado
Nós nos sentiremos bem-aventurados
Só por estarmos vivos.
E nós daremos um abraço ao primeiro desconhecido
E elogiaremos a sorte de manter um amigo.
E aí nós vamos lembrar tudo aquilo que perdemos e de uma vez aprenderemos tudo o que não aprendemos.
Não teremos mais inveja pois todos sofreram.
Não teremos mais o coração endurecido
Seremos todos mais compassivos.
Valerá mais o que é de todos do que o que eu nunca consegui.
Seremos mais generosos
E muito mais comprometidos
Nós entenderemos o quão frágeis somos, e o que
significa estarmos vivos!
Vamos sentir empatia por quem está e por quem se foi.
Sentiremos falta do velho que pedia esmola no mercado, que nós nunca soubemos o nome e sempre esteve ao nosso lado.
E talvez o velho pobre fosse Deus disfarçado...
Mas você nunca perguntou o nome dele
Porque estava com pressa...
E tudo será milagre!
E tudo será um legado
E a vida que ganhamos será respeitada!
Quando a tempestade passar
Eu te peço Deus, com tristeza,
Que o Senhor nos torne melhores, assim como o Senhor "nos" sonhou.