Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Pedágio

Pedágio: estão previstas a manutenção do pedágio de Flores da Cunha e criação de novos postos entre Antônio Prado e Vacaria, Montenegro e Farroupilha

Reportagem de um jornal da região enaltece a concessão de rodovias. Nela consta que a concessão das rodovias da Serra levará a investimentos de R$ 422 milhões nas estradas da região, durante o prazo de concessão de 30 anos. Isso significa em torno de R$ 14 milhões investidos por ano. Que as estradas precisam de melhorias é algo indiscutível. Que o Estado não tem capacidade de investir é repetir a mesma cantilena dos últimos governos. Mas, como costumam dizer alguns economistas: não existe almoço grátis. Como uma empresa privada vai conseguir fazer isso e ainda ter lucro? E de onde virão esses recursos? Com essa curiosidade fui buscar algumas informações. As análises que seguem são baseadas em informações disponíveis nos sites da EGR (Empresa Gaúcha de Rodovias) e parcerias.rs.gov.br/rodovias. 


Pedágios em nossa região
Estão previstas a manutenção do pedágio de Flores da Cunha e criação de novos postos entre Antônio Prado e Vacaria, Montenegro e Farroupilha. A praça de Portão será transferida para São Sebastião do Caí. Assim, a primeira conclusão é de que teremos três novas praças de pedágio. A segunda notícia é que todas cobrarão tarifa nos dois sentidos. E de quanto será a tarifa? Nesse ponto chega a conta do almoço. Vejam a tabela abaixo.

Exemplo
Para não cansar o leitor, vamos a um exemplo com base nos dados. Hoje, quando nos deslocamos a Porto Alegre, pagamos um pedágio de R$ 6,50 em Portão. Apenas na ida. Após a concessão, o mesmo trajeto pagará R$ 7,31 em Farroupilha e R$ 9,49 em São Sebastião do Caí, um total de R$ 16,80 apenas na ida. Na volta, a mordida será de mais R$ 16,80, totalizando R$ 33,60 para uma viagem de ida e volta à capital dos gaúchos. É de tirar o couro até do laço do laçador. 


Alternativas
Faço esse raciocínio porque o debate parece estar polarizado em privatizar ou não. Nenhuma outra alternativa é considerada. E não se trata de defender um modelo ou outro, meus 18 leitores são testemunhas das críticas que já fiz à EGR. Porém, se algumas dessas condições fossem dadas à empresa, ela teria condições de fazer novos investimentos? Informações disponibilizadas pela empresa revelam que passaram pela praça de Portão 4.680.585 veículos no ano de 2019, e que gerou uma arrecadação de R$ 31.952.849 e desembolsos de R$ 18.544.868, deixando um resultado líquido de R$ 13,4 milhões. Se apenas fosse cobrada bi direcionalidade nos valores atuais, fazendo uma conta simples, sobrariam R$ 26,8 milhões. Com certeza daria para investir R$ 14 milhões por ano. É uma conta simples, devido à limitação de espaço, mas que dá motivos para pensar em outras alternativas. Voltaremos ao assunto.