Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

PDD e combustíveis

Um dos meus 18 leitores é o meu amigo PDD. Já disse nesse espaço que ele é boa pessoa, mas um pouco ingênuo, para dizer o mínimo

Um dos meus 18 leitores é o meu amigo PDD. Já disse nesse espaço que ele é boa pessoa, mas um pouco ingênuo, para dizer o mínimo. Milita no esgoto digital fazendo campanha contra o comunismo, contra o socialismo ou qualquer outra intervenção do estado, mas é usuário do SUS e apesar do seu carro popular ano 2012, seguidamente me envia mensagens contra a tributação de grandes fortunas. Pois na última coluna, quando afirmei que não entraria em detalhes sobre o aumento do combustível, isso provocou desconfortos no meu amigo. Me ligou para dizer que não comparei o preço dos combustíveis porque estou alinhado com a grande imprensa, que não deseja mostrar notícias positivas por algum interesse particular, e toda aquela ladainha já conhecida. Não é verdade. Então vamos ao diálogo.

PDD: Você tem que falar dos combustíveis porque a grande imprensa não diz a verdade. 
- E qual é a verdade? 

PDD: O último protesto pelo aumento dos combustíveis foi em 2016 e, de lá para cá, os aumentos foram abaixo da inflação, por isso não há protestos. É o que deve ser dito. 
- Sobre as razões dos protestos não posso falar. Posso falar em relação aos dados que são públicos. Naquele ano, o valor máximo da gasolina foi de R$ 3,73 corrigindo esse valor pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medida oficial da inflação acumulada até fevereiro, o valor hoje seria de R$ 5,05. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo) o preço médio no mês passado foi de R$ 6,60. Isso representa em torno de 30% a mais que a inflação. 

PDD: Você disse que não dá para comparar com o salário mínimo. Mas tem que comparar. Tem que comparar isso daí. (Esqueci de dizer que ele adotou vícios de linguagem de algumas figuras públicas).
- Isso vai depender muito do período de análise. Mas se ficarmos nas mesmas datas, em 2016,  50 litros de gasolina resultavam em R$ 186,50 o que representava 21,19% do salário mínimo de R$ 880,00. Hoje, isso resultaria em R$ 330,00 o que corresponde a 27,23% do salário mínimo atual de R$ 1.212,00. Isso mostra que o aumento da gasolina foi superior. 

PDD: Isso acontece porque naquela época o salário tinha reajustes menores. 
- Pelo contrário meu amigo. Naquela época o salário mínimo era reajustado pela inflação e mais o crescimento do PIB. Assim, quando a economia crescia havia um ganho real. Isso foi abandonado e o cálculo atual leva em conta apenas a inflação, sem ganhos reais. 

PDD: Bem, não tem como não reajustar se os preços do petróleo subiram.
- É verdade, mas também porque usam da mesma política quando o petróleo é produzido no Brasil. 

PDD: Mas é que precisamos importar petróleo
- E também exportamos petróleo. 

PDD: Você está entrando no campo da política. Me recuso a entrar nesse debate. 
E desligou.