Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Para quem governar?

A resposta óbvia seria para a maioria

A resposta óbvia seria para a maioria. Mas não é este o sentimento de boa parte do mundo. Muitos se sentem traídos pelos políticos e os enxergam como causadores dos problemas econômicos, no mínimo, a omissão dos gestores públicos, e no máximo, sua conivência e defesa dos interesses de uma minoria. O movimento “Ocupem Wall Street” (OWS) é um exemplo disso. Jovens americanos sem lideranças políticas e com o boicote da imprensa utilizam as redes sociais e protestam contra o “esquecimento” da classe política com o bem-estar da maioria. Neste final de semana tivemos mais uma amostra de que o discurso americano está bem longe da prática democrática. A polícia americana invadiu a praça próxima ao centro financeiro americano e obrigou os manifestantes a se retirarem. Acampados desde 17 de setembro, eles tinham um único objetivo: protestar contra o sistema financeiro. De acordo com a polícia, em torno de 200 pessoas foram presas.
Direitos dos outros
Onde fica o direito de se manifestar? Onde está a prática democrática de debater publicamente as decisões dos governantes? Para Hillary Clinton, Barack Obama e outros expoentes da política americana, esse direito deve ser defendido para os líbios, iraquianos, jordanianos, entre outros periféricos. Quando se trata de protestos no nosso quintal, a força policial é a melhor resposta. O pior é que não se ouve discursos a favor da liberdade.
Enquanto isso...
Enquanto os jovens eram banidos, agredidos e presos, o presidente Obama estava no encerramento do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), com representantes de outros países economicamente poderosos, como China, Indonésia e Canadá. O evento foi realizado numa área isolada do Havaí, dentro de um parque controlado pelo departamento de defesa americano. Tudo para evitar protestos. Antes do encontro, muitas famílias foram transferidas por questões de segurança e quase um milhão de dólares foi investido somente em armas para controlar multidões. Mas mesmo assim o protesto veio em forma de música.
A música como protesto
Durante o jantar estava previsto um show com um popular guitarrista e cantor havaiano de nome Makana. Segundo o programa, ele apresentaria números instrumentais, mas estava reservada uma surpresa: ele passou a cantar Somos a Maioria, uma canção de protesto que virou hino dos jovens indignados. Ele repetiu aproximadamente 50 vezes o refrão da música que diz Vamos ocupar as ruas, vamos ocupar os tribunais, vamos ocupar ao gabinete de vocês, até que cumpram a vontade da maioria, não dos poucos. Deram tanta atenção à segurança, mas esqueceram da arte. Um cantor falou diretamente ao presidente americano o que muitos queriam dizer. No mesmo momento em que a repressão policial evacuava a praça do protesto.