Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Os mesmos

Ainda somos o país corrupto do tempo dos nossos pais.

Os mesmos
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais. A música de Belchior define com perfeição os tempos atuais. Ainda somos o país corrupto do tempo dos nossos pais. Só falta descobrirmos que os mortos votam. A maior concorrência pública feita por uma estatal nos últimos dois anos foi fraudada. Segundo um grande jornal do centro do país comprovou, a empresa vencedora já era conhecida com quatro dias de antecedência. O contrato envolve um dos maiores bancos do país e uma empresa de publicidade. Publicidade? Isso lembra alguma acontecida nos últimos anos. Lembrando: o mensalão tucano envolvia uma empresa de publicidade, o mensalão petista envolvia a mesma agência de publicidade. Será que estariam preparando um novo mensalão para as próximas eleições? O valor do contrato pode chegar a R$ 3 bilhões. O jornal registrou a informação em cartório na quinta-feira e publicou um anúncio cifrado na seção de classificados do domingo, dia 23. Na segunda-feira, dia 24, foram abertos os envelopes com todas as formalidades e tcham, tcham, tcham, tcham... Aleluia! A empresa vencedora era aquela mesma. O que sentir diante disso? Surpresa, indignação e até mesmo admiração. 

Surpresa
Todos os dias surgem notícias das investigações sobre corrupção e, mesmo assim, continuam fazendo mutretagens e com os mesmos métodos. Será atrevimento ou ingenuidade? Ou será que existe um pensamento mágico que faz com que alguns entes públicos pensam que estão protegidos, mesmo entre centenas de investigações de corrupção... Outro fator de surpresa é que passados 30 anos, o jornal utiliza o mesmo expediente para fazer esse tipo de denúncia. Como sabem os 17 leitores dessa coluna, já comentei aqui o caso das empreiteiras que em 1987 combinaram as vencedoras de uma licitação. O método de fazer a denúncia foi o mesmo e o da fraude também. Mas naquela época ‘não havia corrupção’, tudo foi investigado e num teatro absurdo ninguém foi acusado. E agora? Será que voltaremos ao teatro de ‘apurem tudo’ e nunca condenam ninguém? Esse é o sentimento para aqueles que sabem que esses métodos existem há muito tempo.

Decepção
Para aqueles que acreditavam que a corrupção era um fenômeno recente, fica a decepção de saber que, conforme declarou o dono da empreiteira, “há 40 anos é assim”, e pelo andar da carruagem vai continuar. Por sinal, essa declaração tirou muitos argumentos daqueles que pregam golpe militar. Apesar de circularem mentiras pelo penico digital dizendo o contrário. Não surpreende. Esses mesmos fingem não saber da declaração feita pelo coronel reformado Elimá Pinheiro Moreira em 2014, revelando que o Exército recebeu 9 milhões da Fiesp para ajudar no golpe de 1964, recursos originados de caixa 2. E eu, muito ingênuo, acreditando que era patriotismo ou para livrar o país do comunismo. Era corrupção mesmo.