Os 290 milhões
A conta é mais ou menos a seguinte: até o momento foram realizados pelo SUS 5 milhões de testes PCR, considerado o melhor de todos os testes
A conta é mais ou menos a seguinte: até o momento foram realizados pelo SUS 5 milhões de testes PCR, considerado o melhor de todos os testes. Mas descobriram outros 7 milhões de testes guardados num armazém do Ministério da Saúde. Na minha ingenuidade, achei que fosse prevenção: manter estoque de testes para serem aplicados se a pandemia avançar, ou se surgir algum foco maior em algum local remoto desse grande país. Mas a realidade é muito diferente, os testes perderão sua validade nos próximos dois meses. Uma parte em dezembro e outra parte em janeiro. O prejuízo pode chegar a 290 milhões de reais. Ao serem questionados os responsáveis responderam como sempre: transferindo a culpa para os outros. Os testes estão estocados no ministério da Saúde, mas a culpa é dos estados e municípios.
Suspeitas
Esse é só mais um exemplo de como as coisas (não) funcionam. O governo federal diz que sua parte é somente comprar, que a demanda deve vir dos estados e municípios. Estes, por sua vez, argumentam que o material fornecido é incompleto faltando os reagentes necessários para completar os testes. O ministério da saúde argumenta que os testes enviados totalizaram 8 milhões e nem todos foram usados, também prometeram adquirir mais insumos para completar os kits de testes, porém, adivinhem? O Tribunal de Contas da União (TCU) trancou a compra sob suspeita de irregularidades. Outro aspecto revelado é a distribuição sem critérios objetivos. Estados onde ocorreram surtos receberam poucos testes, enquanto estados onde a situação estava sob controle receberam um volume maior. A entrega dos reagentes também não tem muita lógica, um estado que recebeu 8% dos kits foi contemplado com 20% do volume de reagentes. Aqueles que defenderam os militares ocupando cargos no ministério da saúde devido a sua expertise em logística, devem estar decepcionados. Mais decepcionados do que quando abrimos um pote de sorvete e dentro dele encontramos feijão.
Teorias
Nesse jogo de empurra para um lado e outro uma coisa fica muito clara, sem uma liderança central a nível federal, estados e municípios usaram as estratégias que podiam ou que acharam mais adequadas. Essa pulverização de iniciativa por mais bem-intencionadas que possam ser, fatalmente resulta em desperdício de esforço e recursos, como também deixa frestas por onde os aproveitadores aproveitam para compras superfaturadas. As teorias de conspiração já estão nas ruas, cada um pode escolher a sua. Uma delas diz que os testes não foram distribuídos porque quanto maior o número de pessoas testadas, maiores seriam os números de contaminados, a solução seria não testar. Outra teoria diz que os governadores não testavam para aumentar o numero de infectados. Acredito que seja apenas incompetência.
Dúvidas
Onde andam os “fiscais” voluntários e patriotas do início da pandemia que invadiam hospitais, postos de saúde e outras estruturas sanitárias, às vezes com truculência, para mostrar as UTIS vazias e dizer que a pandemia não existia? Se tivessem fiscalizado os kits de testes poderiam ter evitado esse prejuízo.