Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Onde andam?

Ao contrário dos médicos estrangeiros, os brasileiros podem escolher o local para onde desejam ir.

Julho
O mês de julho está sendo lembrado como o aniversário da grande derrota da Seleção do Brasil para a Alemanha. Porém, há dois anos outro acontecimento sacudiu o Brasil: no dia 8 de julho de 2013 o governo editou uma medida provisória criando o programa ‘Mais Médicos’, que permitia a ‘importação’ de profissionais estrangeiros. Entidades de classe e outras organizações corporativistas tentaram de todas as formas impedir que estrangeiros viessem suprir a carência em áreas rejeitadas pelos médicos brasileiros. Médicos cubanos chegaram a ser vaiados por seus colegas e foram chamados de escravos. As médicas, segundo a declaração de uma colega brasileira, pareciam empregadas domésticas. Os homens “deveriam voltar para a África”, ou então “eram guerrilheiros disfarçados”. Um senador paranaense levou uma mulher ao parlamento para dar um depoimento, em troca lhe forneceu uma passagem para se encontrar com o namorado em Miami (EUA).

Onde andam?
Passados dois anos e uma derrota para a Alemanha, o que aconteceu com os médicos? Aparentemente nada, porque nenhuma desgraça foi noticiada. Mas estariam eles no Brasil ou teriam se libertado do regime cubano e fugido para Miami? Teriam voltado a Cuba? Se refugiado no interior do Brasil à sombra de uma palmeira? Estranhei a falta de notícias. Os dados são os seguintes: o programa conta com 12.616 médicos estrangeiros, sendo 11.429 cubanos. Neste ano o programa abriu mais 4.146 vagas e 95% delas foram preenchidas por brasileiros. Ao contrário dos médicos estrangeiros, os brasileiros podem escolher o local para onde desejam ir. Desde o início do programa, nove médicos cubanos morreram e oito abandonaram o emprego e o país.

Abrangência

O programa abrange 3.785 municípios, sendo que 400 deles nunca tiveram, até então, médicos. As 34 regiões indígenas contam com 300 médicos, antes não havia nenhum. Entre os ianomamis o número de atendimentos aumentou de 490 em 2013 para 7 mil em 2014. Nesse caso corremos um sério risco de ver o território indígena se tornar uma pequena Cuba, onde 15 médicos cubanos se dedicam exclusivamente a essa etnia (alerta!). Pesquisa realizada em 700 municípios revelou que 95% dos usuários estão satisfeitos com o desempenho dos médicos e 60% destacaram o cumprimento do horário (um verdadeiro escândalo para os padrões dos colegas brasileiros). Alguns são contra o ‘Mais Médicos’ por questões ideológicas: estamos ajudando a manter um regime socialista. É compreensível. Mas aparentemente não temos muitas opções. O tênis da moda ajuda a manter o regime comunista da China. A roupa de grife ajuda a manter o regime autoritário na Indonésia. E assim por diante. Ou o problema é só com a saúde?

Pior
Notícia da Organização Mundial da Saúde (OMS): Cuba é o primeiro país a evitar a transmissão de HIV da mãe grávida para o filho. Ah, esses escravos...