Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

O risco cambial

Os números divulgados nesta semana pelo Banco Central...

Os números divulgados nesta semana pelo Banco Central deixam à mostra uma situação preocupante. O déficit nas transações correntes passou de 24,4 bilhões de dólares em 2009 para 47,5 bilhões de dólares em 2010. Para o ano de 2011, a previsão é de 64 bilhões de dólares. Isso mostra que a diferença entre balança comercial (importações x exportações), balança de serviços (juros, royalties, transporte, lucros) e as transferências unilaterais (pessoas que enviam o dinheiro para o exterior) tem aumentado significativamente e numa velocidade impressionante. O motivo da preocupação é que o déficit está sendo gerado pelo aumento do consumo, ocasionado principalmente pela valorização do real, que resultou num aumento de importações de 41,7% no ano.
Solução parcial
Por enquanto, o saldo tem sido coberto pela entrada de capital estrangeiro, principalmente em investimentos diretos, o que é bom, pois ajuda a gerar empregos e mantém o clima de confiança. O risco é que o aumento do déficit comece a consumir as reservas externas e com isso reduzir a confiança. Se isso acontecer, a entrada de capitais pode sofrer uma queda repentina e os problemas aparecerão com uma força surpreendente.
Mercado a termo
Até o momento houveram algumas restrições políticas na atuação dos bancos no mercado de derivativos cambiais. A atuação do Banco Central tem sido parecida com a de enxugar gelo: conforme aumenta a venda de dólares ele atua na ponta compradora do mercado. Resolve o problema por alguns momentos. Em seguida tudo retorna. Esta semana saiu o comunicado que as autoridades irão atuar também no mercado de câmbio a termo. Neste segmento as partes estabelecem uma taxa de câmbio prévia para uma data específica e há entrega dos dólares efetivamente na liquidação. É uma nova alternativa, porém, de efeitos de curto prazo.
Novas políticas
Se as autoridades quiserem evitar problemas maiores, não poderão esperar para agir. Os caminhos para isso passam por evitar a valorização do real e ampliar a competitividade da produção doméstica, para isso serão necessárias ações comerciais no combate a dumping e eliminação de subsídios de alguns parceiros comerciais. Estabelecer políticas industriais que ampliem a produtividade de setores específicos, principalmente daqueles que possam gerar inovações. E por fim, ampliar o controle de entrada de capitais de forma a equilibrar o câmbio dentro de um programa que permita a redução da taxa de juros.