Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

O pecado do silêncio

Primeiro eles lançam um fake (nome moderno para mentiras digitais) contra um político e não fizemos nada (no fundo, até gostamos). Depois enchem as redes sociais de fakes contra os filhos e não dizemos nada (até ficamos agradecidos)

Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada”. Esse trecho do poema ‘No caminho com Maiakóvski’ (1968), do brasileiro Eduardo Alves da Costa, poderia ser parafraseado nos tempos atuais como: primeiro eles lançam um fake (nome moderno para mentiras digitais) contra um político e não fizemos nada (no fundo, até gostamos). Depois enchem as redes sociais de fakes contra os filhos e não dizemos nada (até ficamos agradecidos). Depois se tornam mais atuantes durante as eleições e não fazemos nada, pois atendem nossos objetivos. Agora lançam fakes contra nós e já não sabemos o que podemos fazer.

Chegou
Com a internet qualquer pessoa se sente no direito de atacar, denegrir e injuriar. Não importa a sabedoria das pessoas, muitos ‘ogros do teclado’ não têm o menor pudor em qualificar pessoas públicas com os adjetivos depreciativos. Já vi um doutor em filosofia ser denominado de “careca almofadinha e v...”, outro de “gordo barbudo, comunista fdp”. Artistas reconhecidos denominados de fascistas, comunistas e outros “istas”. Antes era um pequeno grupo com alguns interesses. Aos poucos, obtiveram patrocínios, se organizaram com objetivos específicos, e investiram em robôs que fazem o mesmo trabalho de forma mais rápida. É só colocar mensagens falsas e aguardar os desinformados, ou doutrinados (?), compartilharem. O que antes estava restrito a poucos bárbaros do teclado se espalhou como praga e, agora, não atinge apenas algumas autoridades ou alguns artistas. A praga se alastrou e chegou as mais altas cortes judiciárias e está criando uma crise sem precedente entre as instituições. Quem pode investigar? Quem pode censurar?

Sem freio
O mostro da intolerância foi liberto, cresceu e tem seus próprios objetivos, agora pensam em como fazer para contê-lo. Uma vez solto, todos estão a sua mercê. Se antes ele atingia políticos, artistas ou pessoas sem “muita expressão”, agora chega na mais alta corte. Parte da população acha que as autoridades, pelas suas atuações políticas, atuando mais na imprensa que nos autos, fazendo declarações polêmicas, fizeram por merecer. Onde isso vai parar?

Ironias
Mas sempre há um lado engraçado. Aqueles que antes tentaram censurar a imprensa, ao serem atingidos, falam em liberdade de expressão. Os mais reacionários buscam alguém que os defendam. Antes não precisavam de prova, bastava convicção. Agora, mesmo com as provas é preciso ter paciência e respeitar a liberdade de imprensa e a Constituição. Uma questão urgente para resolver os problemas do país e ninguém pergunta onde anda o Queiroz.