Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

O indiferente, o discurso e o recurso

As hipóteses estão nas ruas: tirando o lugar comum de decepção com a política, alguns argumentam que muitos não votaram porque já estava decidido, outros por não concordarem com as coligações, talvez alguns por comodismo.

O indiferente, o discurso e o recurso
Três aspectos podem ser destacados destas eleições: o eleitor indiferente, a repetição cansativa do discurso e a limitação dos recursos. O grande personagem foi o eleitor indiferente. Ele simplesmente não compareceu para votar. Para 13,77% dos eleitores de Flores da Cunha, pouco importou quem eram, o que prometiam ou o que disseram os candidatos: eles não votaram. Outros foram até o local de votação para dizer que por eles tanto faz, 1.331 pessoas, ou 6,25% do total, escolheram anular ou votar branco. No total, um quinto (20,02%) dos eleitores se mostraram indiferentes e deixaram para os demais as decisões de quem irá governar nos próximos quatro anos.
As hipóteses estão nas ruas: tirando o lugar comum de decepção com a política, alguns argumentam que muitos não votaram porque já estava decidido, outros por não concordarem com as coligações, talvez alguns por comodismo. O fato é que essa indiferença precisa ser melhor analisada. Na eleição para o Legislativo, o cenário é ainda mais preocupante: um número superior de eleitores, exatos 1.655, não escolheu seu vereador. São 324 a mais daqueles que não votaram para prefeito. Devem ser somados a esse número os 1.085 que votaram apenas na legenda. Quer dizer que da lista de 71 pessoas, 2.740 eleitores não escolheram nenhuma delas. Então temos os seguintes resultados: em primeiro lugar, com 1.655 opções, está o voto nulo ou branco. Em segundo lugar, com 1.085 escolhas, está a legenda. Resumindo, qualquer um serve, portanto, ganhou o voto indiferente. 

Discurso
Quais as razões para a renovação do Legislativo? Pode ser decorrência do discurso desgastado, da indiferença ou outra razão a ser descoberta. O leitor pode ter pensado: se o discurso é igual, qualquer um serve, então vamos colocar ao menos um rosto novo. Olhar o material de divulgação dos candidatos foi encontrar mais do menos. Promessas genéricas e inconsistentes como ‘saúde, segurança e educação’, alguém pode ser contrário a isso? Ou então ‘apoiar as expectativas da sociedade’. Está certo. É para isso mesmo que se elegem legisladores, para representarem a comunidade e suas necessidades e expectativas. Ou será que alguém vai admitir que se candidatou para resolver seus problemas pessoais? Outro prometia ‘incentivar o turismo’, procurei alguém que se dispusesse lutar ‘contra o turismo’ e não encontrei.  Tem alguns que prometeram fazer coisas que não fizeram quando tinham cargos executivos. Enfim, parece que fazer promessas é apenas cumprir o rito para concorrer. 

Recursos
Depois do discurso gastado estaria a renovação ligada aos recursos limitados? É possível. O que se observou foi uma campanha mais limpa. Sumiram os cartazes, faixas e diminuíram os carros de som. Ainda bem. Também não se ouviu falar de entrega de mercadorias no meio da noite. Surgiram algumas histórias ou estórias, quem sabe? Numa delas candidatos deixaram cair algumas notas de R$ 50 em frente de algumas casas. Mas deve ter sido só distração.