Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

O ano em que vivemos assustados

O ano que finda poderá ficar registrado na história como o da catástrofe que não houve.

O ano que finda poderá ficar registrado na história como o da catástrofe que não houve. Ou então, o ano em que os pessimistas foram derrotados. Relembramos que as notícias eram as piores possíveis. Países do “primeiro mundo” com gestores de segunda, tiveram problemas comuns aos países do “terceiro mundo”. Algumas manchetes anunciavam o final dos tempos e conheço gente que toda manhã olhava para o horizonte aguardando os quatro cavaleiros do apocalipse. Muitos ainda os aguardam, nem que seja para contrariar o presidente que anunciou uma “marolinha”. No final do ano anterior um grande jornal anunciava “Cenário é pior do que parece ser”. Em outro jornal a manchete foi “Empresas brasileiras mais negociadas na bolsa perderam 40% do valor”. Alguns dias depois um economista previa em outro grande periódico: “Recuperação da Bolsa pode levar de 4 as 15 anos”. Alguns defendiam que os apresentadores da TV deviam usar trajes de luto, tamanha a gravidade da crise que se avizinhava. Profetas do apocalipse Há que se considerar nas previsões catastróficas, a necessidade dos “profetas” em depreciar o Brasil e de justificar o bom momento em função da economia global, ou seja, o Brasil vai bem, não porque melhorou ou é competente, mas porque o mundo está com muita liquidez, ou então, porque faz o mesmo que os governos anteriores, porque não enfrentou nenhuma crise e outras bobagens decorrentes do que foi denominado de “complexo de vira-lata” por Nelson Rodrigues. Há dificuldades de entender que o Brasil tomou juízo. Provavelmente quem embarcou nesse clima se arrependeu. Os números mostram que 2009 foi um ano marcante. Começando pela recuperação espetacular da Bolsa de Valores com valorização de mais de 100%. Mesmo que eu considere essa recuperação exageradamente otimista para um mercado volátil. Porém, são os fatos. Números otimistas Um aspecto importante da política governamental é o aumento da massa salarial. A pressão de baixo para cima causada pelos programas sociais de transferência de renda tem gerado crescimento econômico nas classes mais baixas da população. Como resultado a massa salarial tem crescido nos últimos três anos. Apesar da redução da velocidade, mesmo assim mostrou crescimento nesse ano, dando consistência ao mercado interno. Segundo alguns teóricos as medidas economicas demoram seis meses até mostrarem os resultados na econômica real, o mês de novembro é revelador. Segundo dados divulgados pelo ministério do trabalho, a criação de novos postos de trabalho é a maior desde 1992. Apesar do número acumulado no ano ser 30% inferior ao mesmo período do ano passado, um ano atípico em termos de crescimento. A inadimplência também caiu 3,9% conforme os dados do Serasa e no acumulado do ano deverá ficar num patamar inferior ao ano de 2008. Intervenção cambial Até a cotação do câmbio traiu os analistas pessimistas. Há alguns dias atrás o mercado estava inundado de previsões da cotação do dólar a R$ 1,60 para o final do ano. Eis que a moeda do Tio Sam ameaça encerrar o ano bem acima de R$ 1,75. Esse aspecto talvez seja o mais negativo do ano que passou para quem depende de exportação. A política cambial é um dos desafios para as autoridades, porém, há poucas soluções fora da intervenção. É engraçado ver defensores da liberdade de mercado argumentarem a favor da intervenção no câmbio. Só o lucro explica.