Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Números

As projeções da indústria são de uma queda de 5,5% na produção anual.

Veículos
E continua a série de reportagens conforme o gosto do freguês: um jornal anuncia que a produção de veículos voltou ao nível de 2004 devido à queda de 21,5% no primeiro semestre. Outro veículo de comunicação informa que a produção de veículos cresceu 4,2% em junho. Outra notícia é a queda de 3% em relação a junho de 2015. Mas, afinal, qual informação é verdadeira? Todas elas, caro leitor. Tudo vem da mesma fonte, que é a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Dessa vez só faltou a manchete de ‘Pior desempenho desde a data tal’. Mas está tudo lá, na mesma informação e cada um faz a manchete que quiser. Segundo o presidente da entidade, o mercado encontrou seu patamar de estabilidade. O mês de junho foi melhor que maio e há indicadores que apontam para uma melhora.

Números 
Em números, o mercado automobilístico se comportou assim: no primeiro semestre as vendas foram de 1,31 milhão de unidades, o pior resultado dos últimos 10 anos. Em relação ao mês de maio, as vendas de junho aumentaram 2,6%, com 171,8 mil unidades vendidas. As projeções da indústria são de uma queda de 5,5% na produção anual. O que ajudou a piorar o cenário foi uma queda nas exportações de 9,6% sobre o mês anterior. Segundo a Anfavea, o recorde de 2013, com produção de 3,71 milhões de veículos, demorará algum tempo a ser alcançado novamente. O que devemos pensar seriamente é sobre os custos e benefícios desse avanço. Temos a estrutura necessária para receber esse volume de veículos? É esse o futuro ou estamos novamente andando na contramão da história?

Estrutura
Nos anos 1960 e 1970 nos convenceram que o futuro estaria na indústria automobilística. Então o Brasil, um país continental sem reservas de petróleo, sem indústria nacional, com pouca produção de minério de ferro, extremamente dependente de recursos externos, começou a fazer estradas em vez de ferrovias. O resultado poucos analisam, mas não há nenhum país do mundo com as dimensões do Brasil que tenha tanta dependência do transporte rodoviário. Enquanto nos transportamos 58% por rodovias, o Canadá usa 43% e os Estados Unidos somente 32%. Devido às condições das estradas, o Brasil consome 20% a mais de diesel que os Estados Unidos por tonelada transportada.

Ferrovias
Os Estados Unidos têm a maior malha ferroviária do mundo, com 212.433 quilômetros. O Brasil tem 30.051 quilômetros. Detalhe interessante: esse volume de quilômetros de ferrovias é o igual ao que tínhamos na década de 1930. Enquanto os Estados Unidos possuem aproximadamente 30km de rodovias a cada 1.000km², o Brasil possui 3,4km. Essa é uma diferença que resulta na competitividade final de um país.