Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Nobel

O prêmio Nobel de economia de 2008, Paulo Krugman, deu uma entrevista nesta semana falando sobre o cenário econômico mundial e sobre o Brasil, onde estará participando de um evento no próximo mês.

Nobel
O prêmio Nobel de economia de 2008, Paulo Krugman, deu uma entrevista nesta semana falando sobre o cenário econômico mundial e sobre o Brasil, onde estará participando de um evento no próximo mês. Sobre o cenário global ele não acredita que haverá uma crise igual a de 2008 (ainda bem, pois é considerada a pior crise do último século). Porém, as perspectivas mundiais não são boas: baixo crescimento, pressões deflacionárias e desempenho econômico decepcionante. A situação atual é que ninguém quer gastar, não há demanda suficiente e a oferta é abundante. Ao ser questionado qual seria a solução, respondeu: um programa temporário de estímulo fiscal e aumento de consumo. Opa! Não foi exatamente isso que fez o Brasil? Teria sido ele o autor da sugestão? Acredito que não, pois afirmou que não há vontade política para que isso ocorra num futuro próximo.

Brasil

Ao ser questionado sobre a situação do Brasil a resposta textual foi: “Apesar de o Brasil estar obviamente uma bagunça, do ponto de vista político, e mesmo que a economia tenha sofrido um retrocesso perto de todo aquele otimismo de alguns anos atrás, os fundamentos econômicos do país não chegam nem perto de estar tão ruins quanto em episódios anteriores. A situação fiscal não é desesperadora e o país está longe de um momento em que precisaria imprimir dinheiro para pagar suas contas. A taxa de câmbio está alta, mas nada perto dos níveis que associamos a crises graves. Houve, sim, impacto da queda nos preços das commodities, e isso é significativo. Mas o Brasil de 2015 não é a Indonésia em 1998, nem a Argentina em 2001. É um problema, é desagradável e um pouco humilhante se ver nesta situação de novo. Mas as pessoas estão exagerando”. Vamos torcer que ele esteja certo.

Outro Nobel
Segundo Krugman, o problema da desigualdade está entre os principais desafios, tanto por causa das implicações diretas, quanto pelos efeitos econômicos. Não por acaso na semana passada o prêmio Nobel de economia 2015 foi dado para Angus Deaton por seus estudos sobre consumo, pobreza e bem-estar social. Para a decepção de muitos, no livro A grande fuga: saúde, riqueza e as origens da desigualdade, publicado em 2013, ele afirma que, enquanto muitos vivem mais e financeiramente melhor atualmente, o desenvolvimento gerou desigualdade entre pessoas e países. Que horror! Seria o novo Nobel um socialista enrustido, daqueles radicais que desejam compartilhar todos os bens até nossa humilde moradia? Onde já se viu falar em desigualdade? Não se preocupem. O professor trabalha em Princeton, tem cidadania britânica e americana e, assim como eu, é um capitalista convicto. Porém, sabe que o crescimento solitário não serve para nada. Ao ser entrevistado, após a divulgação do seu nome, afirmou que a crise dos refugiados na Europa é resultado de centenas de anos de desenvolvimento desigual, deixando parte do mundo para trás. Palavras de um Nobel.