Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Não, obrigado

Cansei de observar o que disse Umberto Eco: “as redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis”

Um leitor me pergunta se li os comentários sobre minha coluna nas redes sociais. Nunca leio. Faz tempo que abandonei o ‘penico digital’, cansei de observar o que disse Umberto Eco: “as redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis”, que antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade.” Então, me enviou um ‘print’ de um comentário com apenas quatro linhas. Já na primeira frase interpreta erroneamente o início da coluna onde digo que as ‘soluções mágicas’ propostas nos últimos anos não deram certo. Reprovado em interpretação de texto. Não precisa terminar a leitura, provavelmente deve estar recheada de chavões e clichês com a profundidade de um pires. Furado. E tudo isso daí, ‘talquei’?

Exemplo
O fato vem ao encontro do assunto dessa semana, que é a educação, ou a falta dela.  Como a dificuldade na interpretação de textos. A notícia da semana é que a Alemanha vai investir 42 bilhões de euros em universidades. O anúncio foi feito pelo presidente da associação dos reitores da Alemanha. É possível prever que, se continuarem assim, vão se tornar um grande país. Talvez, o principal da Europa. Ou irão falir com todo esse gasto? O Brasil está indo para o mesmo caminho contingenciando verbas. Ops. Não, desculpe. Não é bem assim.  O Brasil está cortando verbas para a educação e para as bolsas de pesquisa. Gastamos demais no ensino superior! É o mantra atual da obscuridade, repetido por aqueles que repercutem qualquer coisa, dependendo da fonte. Dados do Banco Mundial mostram que a Alemanha destina 26% do orçamento da educação para o ensino superior, enquanto o Brasil destina 21,5%. Vamos ficar nos valores relativos, pois a diferença entre os valores absolutos é oceânica.

Despesa ou investimento?
As universidades públicas são financiadas pelo Estado, isso é visto como estratégico para garantir tratamento igualitário a todos e cumpre a constituição que garante o direito a educação gratuita. Isso tem contribuído para atrair estudantes estrangeiros, que no futuro poderão estreitar as ligações com o país. Igualdade? Ensino gratuito? Estrangeiros? Ah! esses países comunistas e o paternalismo do ensino grátis. Conforme o presidente da associação, as universidades são fundamentais para o desenvolvimento do conhecimento e por trazerem inovações. Os resultados podem ser observados no estudo do Fórum econômico Mundial de 2018. Nele, a Alemanha ocupa o terceiro lugar no Índice de Competitividade Global (IGC), líder em inovação, destacando esse aspecto como responsável pelo aumento da produtividade, e afirma que esse processo é decorrente do desenvolvimento de ideias no ambiente universitário.
Nesse mesmo ranking, o Brasil fica em 72° lugar. Mas deverá evoluir com o corte de verbas? Se lembrarmos que, no período obscurantista de 1933 a 1945 as universidades alemãs foram sucateadas, (lá também acreditavam que formavam comunistas) causando a fuga de pesquisadores (Einstein, entre outros), a evolução pós-guerra é ainda mais impressionante. Mas acabou o espaço. Fica para outra oportunidade.