Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Muro

Os muros estão cada vez mais raros e caindo em desuso

 “Apagaram tudo / pintaram tudo de cinza / só ficou no muro tristeza e tinta fresca”. A música de Marisa Monte sobre o personagem “Gentileza” que escrevia poemas nas pilastras dos viadutos. As obras foram apagadas fato que gerou reação da população, o que fez com que  algumas obras fossem restauradas e hoje fazem parte do patrimônio do Rio de Janeiro. Essa é uma das utilidades do muro.  Um dos versos cantados pelo MPB4 nos anos de chumbo dizia: “Quando um muro separa uma ponte une” O muro servia para manifestações contrárias ao regime. Em alguns lugares os tapumes servem para  manifestações as mais diversas: declarações de amor, manifestações de movimentos, lugar de cartazes de shows e/ou manifestações. Os muros estão cada vez mais raros e caindo em desuso. Mas ainda possuem muita utilidade desde que usados de maneira correta. Um muro branco disponível tem servido cada vez mais para atos de vandalismo. Mas também pode ser como uma página em branco, aguardando a manifestação do poeta ou do manifestante. 

Espaço
Assistindo ao jogo da copa Ipiranga alguma coisa me chamou a atenção. O jogo era em Flores da Cunha e transmitido por uma TV por assinatura para todo o Brasil. Alguma coisa me incomodava na transmissão. “Veja tua cidade na TV, com jogo para todo o Brasil”, me diz um conhecido. Sinto orgulho. Mas alguma coisa continuava me deixando desconfortável. O que seria? Depois de algum tempo descobri: o muro branco. Era isso. Um imenso muro branco aparecia ao fundo da transmissão. Como pode um espaço desse tamanho ficar assim desperdiçado? Será que ninguém do ramo de marketing se deu conta que isso poderia ser usado para divulgação para todo o Brasil? Mas o que poderia ser divulgado? A ideia veio da própria transmissão. Ao fundo parecendo uma mancha borrada, identifiquei pelas cores um banner da Fenavindima. Praticamente ilegível. Havia outro ao lado que não consegui identificar. 

Oportunidade
O espaço daquele tamanho poderia ser utilizado para colocar em letras enormes que pudessem ser lidas por todo o Brasil algo simples como: Festa Nacional da Vindima – Flores da Cunha – e as datas em que vai ocorrer. Seria o alto custo? Ou foi simplesmente falta de imaginação para usar um evento desse porte para a divulgação. Penso que deveríamos usar qualquer evento para promover a nossa festa maior. E aqui fala alguém que foi mestre de cerimônias nesta festa, de forma totalmente voluntária. Sei que atualmente conseguir voluntários não é uma tarefa simples. Mas desprezar um muro branco daquele tamanho com transmissão para todo o Brasil tem que ter uma justificativa muito forte. Questionei algumas pessoas e ouvi respostas variadas, algumas maldosas outras simplórias. Deve haver uma justificativa. Mas o muro branco me deixou incomodado com a sensação que deixamos escapar uma grande oportunidade de divulgação.