Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Mudanças na poupança

A primeira notícia causou alvoroço e preocupação.

Mudanças na poupança A primeira notícia causou alvoroço e preocupação. Difícil identificar se foi falha de comunicação das autoridades ou a pressa dos veículos de comunicação em divulgar o fato. O certo é que a notícia causou alvoroço e até pânico em quem não ouviu os depoimentos da própria fonte e ficou a mercê dos comentaristas. A primeira notícia foi de que o governo mexeria na poupança. Essa afirmação traz a lembrança fatos desagradáveis proporcionados por um presidente aventureiro e uma ministra da fazenda inconseqüente, quando os recursos disponíveis nos bancos foram seqüestrados, uma experiência única na história econômica do mundo. O fato é que o governo estuda mudar os cálculos dos rendimentos da caderneta de poupança. O Presidente confirma que há estudos nesse sentido. O que ocorre é que os recursos da poupança são destinados em sua grande parte para o financiamento habitacional. Com a queda dos juros acrescidos das vantagens de isenção de imposto de renda e facilidade de movimentação, há um sério risco dos recursos serem destinados para a poupança ao invés de outros investimentos, uma vez que o rendimento ficará muito próximo dos fundos de renda fixa com a vantagem de movimentação sem a tributação. Riscos dos rendimentos É um assunto delicado onde as autoridades terão que ter bastante cautela. Os fundos de investimento para poderem concorrer com a poupança terão que reduzir suas taxas de administração. Alguns estudos mostram que se essa taxa for acima de 2% ao ano, os rendimentos serão menores nos fundos do que na poupança. Por outro lado, se as taxas de juros caírem, há o risco da TR (taxa de referência) ficar negativa, retirando rendimento dos investidores. Além disso, os fundos, especialmente os de renda fixa, são os grandes compradores de títulos do tesouro brasileiro. Recursos que possuem mais flexibilidade de destinação. Podendo ser usados tanto para aumentar a liquidez como para a rolagem do endividamento oficial. Ou seja, fornecem liquidez para as autoridades monetárias. Inadimplência A inadimplência está crescendo desde o final do ano passado, não de maneira explosiva, mas ainda deve refletir mais fortemente os efeitos da crise, conforme levantamento da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), dados divulgados nesta semana mostraram que, pelo menos nos primeiros quinze dias de março, os consumidores estão com dificuldades em recuperar crédito. Um dos motivos apontados, é que o credor não tem mais as mesmas facilidades para oferecer ao cliente inadimplente. Por outro lado, o consumidor está mais retraído e com medo de renegociar e não conseguir cumprir o prometido. Um das conclusões do relatório é que as dividas foram realizadas antes da crise, e por causa dela, os reflexos serão sentidos até abril ou maio desse ano. Fluxo cambial O fluxo cambial acumulado nos dez primeiros dias úteis de março ficou negativo em US$ 2,186 bilhões, conforme dados publicados pelo Banco Central do Brasil nesta quarta-feira (18). O resultado mostra piora significativa em relação ao saldo positivo de US$ 841 milhões registrado em fevereiro. Grande responsável pela cifra negativa, o saldo financeiro registrou déficit de US$ 3,266 bilhões, com as vendas (US$ 10,435 bilhões) superando as compras (US$ 7,169 bilhões). Já o saldo comercial ficou positivo em US$ 1,080 bilhão, resultado de exportações de US$ 4,854 bilhões e importações de US$ 3,774 bilhões.Vale lembrar que no mesmo período de 2008, o fluxo cambial havia ficado positivo, com um saldo de US$ 9,727 bilhões, com contribuições positivas do fluxo comercial, de US$ 2,627 bilhões, e do saldo financeiro, de US$ 7,100 bilhões. No acumulado deste ano o saldo é negativo de 4,3 bilhões de dólares.