Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Maioridade

Ser contrário à redução é defender bandido ou, muito pior, é ‘defender o governo’.

Meia informação
O problema de alguns é a meia opinião. Explico: é a opinião sobre metade da informação ou sobre uma análise parcial. As redes sociais pioraram isso com uma velocidade espantosa. Todos podem manifestar a opinião mesmo que seja a mais estapafúrdia, sem fundamento, baseada em meia notícia ou sobre uma mentira inteira. Estamos nos acostumando a ouvir opinião sobre assuntos com metade das informações e nenhuma reflexão. Por algum tempo foi o Bolsa Família, ou ‘bolsa-esmola’, conforme apareceu no site de um partido. Foi o suficiente para que muitos opinassem sobre as consequências de estarmos ‘criando vagabundos’. As condicionalidades (a contrapartida dos beneficiados), os baixos valores envolvidos (R$ 35 por filho, até o máximo de três), o credenciamento e controle (feito pelas prefeituras e cuja tecnologia já é exportada), os critérios para a concessão, tudo isso ficou encoberto pela expressão ‘vagabundos’. Coitado daquele que ousasse explicar que países como Estados Unidos e Alemanha, os mais desenvolvidos do mundo, têm vários mecanismos iguais, inclusive um ‘bolsa falência’ na Alemanha. Seria apontado como um ET.

Maioridade
O assunto do momento é a maioridade penal. Ser contrário à redução é defender bandido ou, muito pior, é ‘defender o governo’. O argumento usado pelos ‘intelectuais da internet’ é simplista: se pode votar e dirigir, pode ser preso. Imaginem a mesma lógica aplicada ao trânsito: se tem carro e carteira deve ser preso quando cometer infração. A redução resolveu nos países que foi implantada? Aparentemente não. O país com o maior número de presidiários do mundo; os Estados Unidos está debatendo o aumento da maioridade penal. Atualmente, somente nove dos 50 estados americanos tratam o menor como adulto. Nos demais, os infratores são encaminhados para a justiça juvenil. Destes nove, ao menos quatro Estados estão debatendo o aumento da idade penal, inclusive o Texas, um dos mais conservadores onde a idade penal de 17 anos vigora desde 1918. O debate é aumentar para 18 anos, quando se pergunta: por quê? A resposta é o silêncio da alienação. A fonte destas informações é a reportagem do jornalista André Monteiro, publicada na Folha de S. Paulo do dia 26 de Abril.

Incompetentes
A Alemanha recentemente aumentou a idade penal para 18 anos e criou leis específicas para a faixa de 18 a 21 anos. Como são idiotas os alemães! E os americanos estão pensando o quê? Vão adular os bandidos? Será que perderam a noção do perigo? Sinceramente, acho que eles foram incompetentes. Fizeram a lei e não souberam aplicar. Os brasileiros agora desejam mostrar como se faz. O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, atrás dos Estados Unidos e China. Aparentemente isso não resolve o problema. No Brasil, o jovem começa a ser responsabilizado aos 12 anos, mas parece pouco, temos que enjaular. Os poucos dados mostram que 70% dos presidiários voltam a cometer crimes, enquanto que entre os jovens do sistema socioeducativo a reincidência é menor que 20%. Mas isso não interessa. Temos que ser simplistas: se pode dirigir e votar, tem que ser preso.