Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Maior idade

O Plano Real completou 18 anos. Poucos imaginavam ver um plano econômico atingir a maioridade no Brasil.

O Plano Real completou 18 anos. Poucos imaginavam ver um plano econômico atingir a maioridade no Brasil. Os mais antigos ainda lembram o tempo em que a inflação chegou a 5% ao dia. Isso mesmo, os 100 de hoje valiam 95 amanhã. Num período de 20 anos a economia brasileira sobreviveu a quatro planos de congelamento e cinco reformas monetárias. O período começa com o governo do general Figueiredo e a moeda era o Cruzeiro. Em seguida vem o Sr. Sarney, que conseguiu a proeza de ter duas moedas, o Cruzado e o Cruzado Novo. Collor, em seu curto período de governo, recria o Cruzeiro. Com a queda do Collor assume o Sr. Itamar e uma nova moeda, o Cruzeiro Real, e dois anos depois inicia a era Real. Nesse período a moeda foi encurtada em 15 zeros para dar conta de uma inflação acumulada de 276 trilhões por cento. Vários estudos mostram que nossa desigualdade social é herança deste período onde metade da população tinha correção monetária e a outra metade sofria a corrosão inflacionária.
Pais
Segundo o ditado popular, “Todos são pais da vitória, enquanto a derrota é órfã de pai e mãe”. Por isso é necessário lembrar os mentores do projeto: Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan, Persio Arida, Rubens Ricupero e Winston Fritsch. Depois de um ano de trabalho o plano entrou em vigor em julho de 1994. Era necessário estancar a prática governamental de financiar as despesas da máquina pública com o “imposto inflacionário”. Em outras palavras, segurar a gastança de governos sem juiz e sem juízo. O governo imprimia dinheiro para fechar as contas enquanto na outra ponta gerava correção automática e o coitado do consumidor via a moeda perder valor em curtíssimo prazo.
URV
Antes do plano foram aprovadas leis de responsabilidade fiscal, hoje denominados “ajustes fiscais”. Uma série de mecanismos que impediam a gastança governamental sem a devida receita. Com o plano todos os contratos passaram a ser indexados pela URV (Unidade Referência de Valor). Inicialmente o plano foi um sucesso. Em 1994 a inflação acumulada foi de 916,5%. No ano seguinte caiu para 22,4%.
Quase o fim
A ambição política quase faz com que o plano ficasse na história como mais um fracasso. A insistência do câmbio fixo para obter a reeleição de FHC levou a mais um desajuste nas contas públicas e, em 1999, implodiu com o sistema de câmbio fixo. A partir de então, a meta foi adotar câmbio flutuante, metas de inflação e controle fiscal. Salve o Plano Real. Que nunca mais voltemos às trevas da inflação.