Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Longe demais

Num mês o dólar saiu da cotação de R$ 2,20 para R$ 2,40 e, mesmo entre os especialistas que defendiam uma desvalorização do Real para aumentar a competitividade da indústria, surgem manifestações de que ele já foi longe demais.

Num mês o dólar saiu da cotação de R$ 2,20 para R$ 2,40 e, mesmo entre os especialistas que defendiam uma desvalorização do Real para aumentar a competitividade da indústria, surgem manifestações de que ele já foi longe demais. Um deles é o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que, apesar de defender um dólar mais caro, passou a pedir para as autoridades agirem com energia para evitar uma alta excessiva. Nesta semana o presidente do Banco Central declarou que os negócios em moeda estrangeira estão com prêmios excessivos. Uma forma elegante de dizer que falta racionalidade nas transações.
Valor justo
Quando ocorrem estas turbulências surgem os profetas para determinar qual o valor justo para o dólar. Infelizmente esse é um conceito que não existe. Nesta semana um desses oráculos afirmou que, considerando a elevação dos custos no setor industrial, o dólar deveria estar cotado no mínimo a R$ 2,60. Essa abordagem esquece que os custos podem estar relacionados à defasagem tecnológica, ou ao famoso ‘Custo Brasil’. Outros olham somente para a inflação dos dois países num determinado período e com base nisso dizem que ele deveria estar em R$ 3. Esses esquecem que num mercado de flutuação livre o preço das moedas vai depender principalmente da oferta e procura. Nos últimos cinco anos os americanos jogaram no mercado US$ 3,4 trilhões forçando a cotação para baixo. É óbvio que quando começam a debater o enxugamento do mercado o movimento tende a ser contrário.
Fluxo
Com relação ao Brasil, devemos nos lembrar que o fluxo de câmbio tem sido constantemente negativo. Este fluxo tem impulsionado as cotações para cima. As razões da saída de dólares podem estar baseadas na perda de confiança dos estrangeiros ou em simples movimento especulativo. Se for isso o efeito se dissipará em pouco tempo. Porém, as razões podem ser mais profundas tal como o nosso fraco crescimento econômico. Isso reduz o apetite dos investidores, faz com que as empresas protelem novos projetos, jogando para o futuro ampliação de capacidade e novos investimentos. O câmbio está num contexto maior relacionado com o desempenho da economia que anda a solavanco feito carro desregulado. Os sucessivos incentivos ao consumo já demonstraram que não fazem mais efeitos. É necessário que a política econômica comece a se preocupar com a produção e competitividade. Se esta for a razão principal, este movimento irá se prolongar por mais tempo. Até o momento, o Real tem sido a moeda mais castigada do mundo emergente. As sucessivas desvalorizações começam a criar uma expectativa de movimentos mais abruptos. É de se aguardar os próximos movimentos.