Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Leis básicas

Voltando ao assunto da estupidez humana, vou apresentar aquele que é considerado o pai da teoria. Carlos Cipolla possui uma obra intitulada “As leis básicas da estupidez humana”

Voltando ao assunto da estupidez humana, vou apresentar aquele que é considerado o pai da teoria. Carlos Cipolla (1922-2000) é um historiador econômico italiano que atuou a maior parte da vida na Universidade da Califórnia. Sua obra principal é intitulada, “As leis básicas da estupidez humana” e só foi traduzida no Brasil no ano passado. Ele observou que não importava o círculo social que frequentasse, sempre encontraria o que ele julgava o indivíduo mais perigoso que existe. “Esse grupo é muito mais poderoso do que a Máfia, o complexo militar-industrial ou a internacional comunista”. Uma vez constatado o problema, seria fácil de minimizar seus efeitos perversos. Não é tão simples. Ele concluiu que, por mais refinados que fossem os métodos estatísticos e analíticos, os resultados seriam subestimados, se tornando uma grandeza impossível de ser calculada, assim, a quantidade existiria apenas no campo teórico. 

Subestimados
Essa dificuldade gerou a primeira lei, que diz: “Sempre e inevitavelmente, todos subestimam o número de indivíduos estúpidos em circulação”. A justificativa para isso é que o número é muito volátil. Segundo o autor, pessoas que no passado julgávamos racionais e inteligentes, depois se revelam irremediavelmente estúpidas. O que nos leva a segunda lei: “A probabilidade de que uma pessoa seja estúpida não depende de suas outras qualidades”. Isso foi confirmado através de muitos experimentos segmentando as pessoas com vários critérios: grau de escolaridade, condições sociais, entre outros, e a proporção era a mesma.
 
Classificação
Para melhorar o entendimento, Cipolla criou um diagrama em que distribui os seres humanos em quatro categorias: 1 – Os estúpidos: causam danos aos demais, sem gerar nenhum benefício a si mesmo, podendo até incorrer em prejuízos. 2 – Os inteligentes: agem em benefício próprio e geram resultados positivos para a sociedade. 3 – Os ingênuos: tendem a beneficiar os próximos e causar mal a si próprio. 4 – Os bandidos: são aqueles que buscam obter benefícios prejudicando a sociedade. A última lei afirma que o estúpido é mais perigoso que o bandido. As razões são econômicas, as ações de um bandido resultam numa transferência de riqueza entre os agentes, por mais triste que isso possa parecer. Mas quando os estúpidos agem, prejudicam todo o ambiente econômico sem nenhum tipo de benefício. Isso acaba destruindo riqueza e toda a sociedade empobrece. 

Escolhas
A tecnologia ampliou o problema. Quando pensávamos que o acesso à informação beneficiaria a sociedade, passamos a ser bombardeados por “doutores” formados pela “universidade” do Whatsapp, todos com a solução para qualquer problema sem espaços para uma reflexão mais profunda. No embalo das “fake news”, os conceitos são deturpados: patriota é quem se identifica com um candidato, quem discorda é inimigo não apenas do candidato, mas da pátria. Para a defesa da estupidez é necessário ter um inimigo. Na Europa são os imigrantes. Nos Estados Unidos eram os mexicanos, depois passou a ser a China. No Brasil? Podemos escolher no vasto cardápio das diversas teorias da conspiração, as opções de ditaduras boas (?) e más (!), passando pela ameaça do comunismo, a imprensa partidária e até o boicote econômico.