Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Leão

O contribuinte está pagando mais e a tabela não é corrigida há dois anos, o que significa que se o salário foi corrigido somente pela inflação em 2017, este ano o contribuinte pagará 2,95% a mais de imposto.

Leão
Feriado de Páscoa. Aproveitando os dias de folga você se prepara para oferecer o sacrifício junto ao Imposto de Renda. Sabe quando você começa a preparar a documentação para prestar contas com o leão e tem a sensação de que o imposto aumentou? A Receita Federal jura que não. Já ouvi muito técnico especialista justificando que a tabela não teve alteração e está congelada (sem correção) há dois anos. Os dois casos estão certos. O contribuinte está pagando mais e a tabela não é corrigida há dois anos, o que significa que se o salário foi corrigido somente pela inflação em 2017, este ano o contribuinte pagará 2,95% a mais de imposto. Mas os problemas vêm de muito tempo atrás. Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), a tabela do Imposto de Renda vem sendo reajustada abaixo da inflação desde 1996, com isso acumula uma defasagem de 88,40%. Na prática estamos pagando mais impostos. Se a defasagem fosse corrigida, a isenção que hoje é de R$ 1.903,98 subiria para R$ 3.556,56 e o desconto por dependente passaria de R$ 2.775,08 para R$ 4.286,28. Mesmo com essas defasagens sempre faltam recursos para tudo, será que só a fome do leão explica? 

O que fazer?
O que pode fazer o assalariado senão pagar o devido tributo? Nada. Mas se for um grande devedor pode contar com um Refis camarada, uma lei sob medida ou até uma ajudinha junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). É o que nos revela a história recente dos escândalos financeiros. A véspera do feriado mostrou um pouco desse mecanismo. Uma nova operação policial prendeu empresários e amigos de políticos, envolvidos numa transação que facilitou a vida das empresas que atuam nos portos do Brasil. Uma delas é especial: conseguiu prorrogar a concessão apesar de estar devendo a fortuna de R$ 2 bilhões. Um empresário que participa de licitações sabe como é complicado juntar toda a documentação para se habilitar. Essa dificuldade não existe para quem deve muito e tem amigos no alto escalão como mostrou essa operação. É só ajustar a lei. Quando se fala no ‘Custo Brasil’ as altas taxas portuárias sempre surgem, aos poucos começamos a entender o motivo. A medida aprovada em 2013 foi promulgada como uma medida necessária para ampliar investimentos e modernizar o setor. Para surpresa de muitos houve alterações na lei para beneficiar algumas empresas. É óbvio que as mudanças não foram gratuitas e nem com o intuito de ampliar a competitividade. Foram para manter privilégios no setor. Garantido um prazo de 25 anos com prorrogação para igual período. 

Antecedentes
Inquéritos anteriores foram arquivados por falta de provas. Um delegado que iria investigar o caso, antes de iniciar o trabalho, declarou que este também seria arquivado. Parece que a ‘Operação Abafa’ não deu certo. O que revela algumas sutilezas da política. Mas não atenua o imposto que iremos pagar.