Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Lados

O ponto fundamental dessas manifestações é que colocou os discursos da esquerda e das grandes indústrias no mesmo lado.

Lados
Em agosto de 2010 um manifesto assinado pelas principais associações empresariais do Brasil era publicado nos principais jornais. As entidades que assinaram o manifesto eram responsáveis pelo faturamento anual superior a R$ 600 bilhões e manutenção de 2,5 milhões de empregos. Qual era o objetivo da manifestação? Por incrível que pareça, defendia a atuação do BNDES. Assim começa o documento: “As entidades signatárias deste documento se veem na obrigação de vir a público para se posicionarem firmemente em relação aos ataques sofridos pelo BNDES, que ganharam vulto nas últimas semanas”. Se formos pesquisar nos blogs dos economistas denominados ‘de esquerda’, veremos manifestações semelhantes. O ponto em comum é a defesa da indústria nacional contra a concorrência estrangeira. Isso se reflete na chamada ‘Lei do Conteúdo Nacional’ e nas taxas usadas pelo BNDES para as empresas brasileiras. O ponto fundamental dessas manifestações é que colocou os discursos da esquerda e das grandes indústrias no mesmo lado. O que muitos não percebem é que a ideologia não precisa ser um fosso intransponível quando se trata de soluções para o país. Então, dizer que empresários e trabalhadores são inimigos é um discurso gasto e ultrapassado.

Ajuda? 
Isso não significa que colocar a CUT e a Fiesp no mesmo lado torna o argumento certo, nem transforma alguém em bonzinho. Se o governo manteve juros abaixo do mercado para investimento e isso não funcionou, é preciso debater uma solução em vez de encontrar culpados. Nesse momento a discussão é se a atuação dos bancos públicos ajuda ou atrapalha? Os que defendem menos governo na economia dizem que atrapalha. Aqueles que acham que precisamos de proteção dizem que ajuda. O fato é que nos últimos 10 anos, o BNDES forneceu crédito muito inferior à taxa de inflação para os mais diversos segmentos: renovação de estaleiros, atualização do parque industrial, renovação de frotas, etc. Muitas dessas operações foram feitas com juros de 3% ao ano. Quem paga a diferença? O Tesouro Nacional ou nós. Onde estão os resultados? 

Similar
Os argumentos são similares. Estejam no campo econômico ou no social. Se existe uma política governamental de ajudar os mais pobres e vulneráveis, é preciso encontrar uma solução que permita ao indivíduo sair da tutela do Estado. Essa saída é mais emprego e menos dependência? Então precisamos gerar emprego. Da mesma forma precisamos olhar o outro lado. Se é necessário defender a indústria dos grandes grupos internacionais, pensando em manter e criar empregos no país, cabem algumas perguntas: quando ela poderá se libertar dessa ajuda governamental por meio de juros subsidiados? Quem irá investir com taxas de mercado? Como atrair investimentos e fortalecer a indústria nacional sem intervenção do Estado? Como fazer isso sem ampliar a desigualdade? A partir desses pontos os economistas não se entendem e começa um debate estéril entre curto e longo prazo, eficiência e competência e a discussão é longa para uma coluna.