Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Lado bom e lado mau

Como podemos observar, com o passar o tempo não há o que comemorar quando um vírus sem cura conhecida se espalha pelo mundo

Muito se disse que o vírus da pandemia era democrático e afetava todos sem distinção de classe social. Só faltou dizer que é um cara legal e que estava ajudando os países mais pobres, fazendo uma limpeza e se livrando deles. Devemos lembrar que o vírus se espalhou de um país para outro, devido aos viajantes, principalmente de avião, e quem usa esse meio de transporte não são os mais pobres. No início alguns incautos até comemoraram porque era um vírus da classe média e alta. Como podemos observar, com o passar o tempo não há o que comemorar quando um vírus sem cura conhecida se espalha pelo mundo.
 
Ações
O que pode nos surpreender são as reações à pandemia. Vários setores e empresas se envolveram em ações sociais para ajudar os mais necessitados e mais afetados pela inevitável crise econômica. Temos vários exemplos que merecem ser reconhecidos pela sua dedicação, doação de alimentos, doação de equipamentos, entre outras ações. Muitos dessas iniciativas foram feitas de forma anônima e desinteressada. Enquanto acontecem esses eventos que nos emocionam e nos levam a ter fé na humanidade, outros utilizam a crise para roubar e fraudar. Gestores públicos comprando serviços e produtos superfaturados, empresas burlando a lei para tentar um ganho a mais são apenas alguns dos exemplos tristes neste momento de tanta insegurança e incerteza sobre os próximos tempos.  

Lado mau
A notícia mais impactante talvez seja a revelação feita pelo Instituto Locomotiva, que elaborou uma pesquisa e descobriu que um terço das famílias das classes A e B pedem o auxílio emergencial, e que 69% dos pedidos foram atendidos. Isso representa 3,9 milhões das famílias mais ricas do país com ao menos um membro recebendo a ajuda emergencial que foi criada para apoiar as pessoas pobres durante a pandemia. A lei concede um valor de R$ 600 para as pessoas com renda individual de R$ 522,50 mensais ou familiar de até R$ 3.135, o equivalente a três salários mínimos. A medida tem como objetivo ajudar os trabalhadores informais, microempresários, desempregados que não recebem seguro-desemprego e outras pessoas sem fonte de renda. Uma lei excelente para o momento. 

Fraudes
Como as famílias de classe alta conseguem obter esse benefício? Omitindo informações no cadastro que fazem on-line. Mais ou menos assim. A esposa de um executivo ou o filho de alguém abastado que não declaram imposto de renda e não constam como dependente se cadastram e o sistema não consegue cruzar as informações com os demais familiares e dessa forma o beneficio é aprovado. Isso tudo leva a sobrecarga do sistema de cadastramento, no aumento de filas no momento do recebimento e outros transtornos para quem realmente precisa. Mas, o pior de tudo é que a empresa fez uma pesquisa qualitativa com as pessoas. Isso significa questionar e tentar descobrir as razões para esse ato. Os resultados são desoladores. Essas pessoas não se consideram fraudadoras. O argumento mais utilizado é “sempre paguei impostos e nunca tive nada em troca do governo”. Isso explica muito sobre nosso pobre país.