Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Juros

Desde o ano passado o governo tem reduzido a taxa básica de juros, denominada Selic.

Desde o ano passado o governo tem reduzido a taxa básica de juros, denominada Selic. Na próxima semana deverá ocorrer um novo corte, levando a taxa para 9% ao ano. Mas uma dúvida surge a todo instante: que raios de juros é esse em que sua redução nunca chega ao mercado? Na ponta tomadora de crédito bancário a média das taxas continua em obscenos 55% ao ano para as empresas. Para as pessoas físicas está em torno de pornográficos 109%. De fazer inveja a muito agiota. E pensar que é o menor patamar desde 1995 segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Da mesma forma, o lucro dos bancos só cresce para cima. Onde está o problema? O governo acha que os bancos são gananciosos, afinal no ano passado o lucro do setor foi em torno de 50 bilhões. Os bancos, por sua vez, afirmam que a carga fiscal encarece o crédito e que é preciso reduzir tributos e o compulsório. Todos juram que se esforçam, mas os juros não caem.
Oferta
A oferta de crédito no Brasil ainda é pequena. Comparado a muitos países nosso volume de crédito é de metade do PIB, enquanto nos Estados Unidos o volume é superior ao PIB do país ou duas vezes superior em relação ao Brasil. Utilizando seus braços financeiros o governo vai tentar reduzir os juros na base da força. Inicialmente com a Caixa Econômica Federal e depois com o Banco do Brasil serão feitas ofertas abundantes de crédito, tentando buscar maiores ganhos de escala e com isso forçar os bancos privados a reduzirem as taxas. A estratégia aparentemente tem lógica. Com mais oferta de dinheiro os bancos podem reduzir seus spreads para não perder mercado. Porém, no mercado financeiro nem sempre a lógica prevalece.
Remendo tributário
Enquanto a reforma tributária fica no discurso há mais de duas décadas, o Brasil vai tentando recuperar a competitividade de alguns setores com medidas de desoneração fiscal. Apesar da boa intenção e da atitude louvável não podemos perder a noção de que é um remendo numa legislação defasada há muitos anos. É um paliativo, apenas isso, e com caráter temporário para dar um pouco de fôlego a setores muito prejudicados. Mas isso não resolve o problema de competitividade. Ele é maior, mais amplo e muito mais profundo. Deve ser enfrentado com medidas estruturais e não com eventuais desonerações.
Reforma
Uma reforma tributária, sem dúvida, melhoraria as condições de competição das empresas brasileiras. Por que ela não acontece? Porque é impossível agradar a todos envolvidos. O ICMS é um dos principais problemas. Cada um dos 27 estados tem uma legislação especifica e nenhum deseja perder receita. Como esse imposto responde por um quinto do total dos tributos arrecadados, este é o tamanho do problema.