Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Juros reais e nominais

A taxa de juros real leva em consideração a inflação e os demais custos envolvidos na negociação

Comecemos por uma explicação básica: os juros nominais são aqueles expressos num valor aparente que não representa o custo efetivo do dinheiro como, por exemplo, a taxa de remuneração de um investimento é de 8% ao ano. Essa é a taxa nominal ou aparente. A taxa de juros real leva em consideração a inflação e os demais custos envolvidos na negociação. Se no período de um ano a inflação for de 5%, o exemplo acima resulta numa taxa de juro real de 2,86% (1,08 taxa nominal dividido por 1,05 que é a taxa de inflação). Nessa semana, a empresa Moneyou publicou o ranking mundial de juros, o levantamento envolve 168 países e revela o panorama mundial das taxas de juros, o que pode explicar um pouco a situação local de cada país.

Ranking
No ranking nenhum país optou por elevar os juros, enquanto 92,5% optaram por manter os juros e 7,5% optaram pela redução. Isso demonstra que os juros permanecem estáveis no mundo todo, o que permite confiar que no Brasil não haverá alteração no curto prazo. Em termos de taxas nominais, o Brasil está na sexta posição com juros de 6,50% ao ano, enquanto o primeiro lugar é da Argentina com 63,71%. Quando se apura a taxa de juros reais, descontando a inflação projetada para os próximos 12 meses, o Brasil fica na sétima posição com taxas de 2,31% e a Argentina permanece na primeira posição com taxas de 10,19%.

Juros negativos
Quando se separam as maiores taxas de juros nominais encontramos apenas 40 países, sendo a maior taxa de 63,71% e a menor é de 0,75% negativos (Suíça), porém quando descontada a inflação projetada podemos observar que a maior taxa é de 10,19%, sendo a menor taxa é de -2,54% (Hungria). Porém o dado mais curioso nesse ranking de 40 países: 23 deles possuem taxas de juros negativas. O que isso significa? Que uma aplicação no mercado financeiro resulta em perda de poder de compra. Em outras palavras, o valor investido retorna menor depois de certo tempo. Outra análise que pode ser feita é que a maior parte dos países está mantendo os juros em patamares baixos e até juros negativos como forma de incentiva a economia. Por exemplo, os Estados Unidos tem juros negativos de 0,259%, a Alemanha é de -1,70%, o Reino Unido é de -2,14%, assim como a maioria da Europa.

Falso otimismo
Algumas notícias colocam a valorização do principal índice do mercado de ações (Ibovespa) que atingiu 100.000 pontos esta semana como um sinal de confiança no crescimento da economia. Porém, esse é um índice nominal, impulsionado por alguns fatores. Um deles é a desvalorização do real ou a valorização do dólar (dependendo de que lado é feita a análise), nessa moeda o Ibovespa ainda está abaixo do pico histórico. Outro fator é a inflação, se o índice for reajustado ainda está longe do recorde que foi em 2008, quando chegou a 134.917 pontos.