Juros e juras
Baixar ou não baixar os juros? Eis a questão
Baixar ou não baixar os juros? Eis a questão. A discussão, muitas vezes, tem deixado de lado os aspectos técnicos e adotado um tom mais político. Como tem sido comum nos últimos tempos, há pouco debate com profundidade e muita opinião. O tema merece alguns cuidados na sua abordagem porque, em primeiro lugar, a decisão, apesar do caráter técnico, tem efeitos que não são exatos e, muitas vezes, não sabemos se darão os resultados esperados e nem em quanto tempo isso poderá ocorrer. Com esta taxa, desde agosto de 2022, surgem algumas questões curiosas, a principal delas é: se os juros altos servem para combater a inflação, por que depois de tanto tempo com os juros entre os mais altos do mundo, a inflação resiste em recuar? Culpa do remédio, da doença, ou, da dose aplicada?
Campeão
Com a decisão mais recente do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter os juros básicos em 13,75%, o Brasil passou de segundo para o primeiro lugar no ranking dos países com os juros mais altos do mundo. Como isso é calculado? A metodologia mais aceita no mercado é deduzir a expectativa de inflação das taxas de juros. Dessa forma, o Brasil está com a taxa de juros reais de 6,94%, seguido de perto pelo México com 6,05% e Chile com 4,92%. Para quem gosta de comparar nossa realidade com a dos americanos, os juros reais na terra do Tio Sam estão em 0,36% ao ano.
Ata
Na ata da última reunião do Copom, o Banco Central (BC) concordou que a economia está esfriando, mas lembrou que considera a desaceleração em curso “necessária para garantir a convergência da inflação para suas metas, particularmente após período prolongado de inflação acima das metas”. Traduzindo: o passado nos condena e, por isso, a indicação é que o esperado corte dos juros não aconteça tão cedo.
Contrários
Alguns economistas contrários à manutenção dos juros, juram, por todos os juros, que os cortes já poderiam ter acontecido, acrescentam que essa postura das autoridades monetárias evita a retomada do crescimento econômico. O cenário fica ainda mais nebuloso quanto temos, de um lado, a pressão para que a política fiscal do governo seja ajustada de acordo com a política monetária do BC e, de outro, políticas de transferência de recursos públicos para estimular a demanda e aquecer os negócios. No meio dessa bronca estamos nós. Oremos!