Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Juros e inflação

Na terça-feira, dia 14, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a decisão de aumentar a taxa básica de juros de 7,75% para 9,25% ao ano

Na terça-feira, dia 14, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata da última reunião que aconteceu na semana passada, onde foi tomada a decisão de aumentar a taxa básica de juros de 7,75% para 9,25% ao ano. O relatório tem um tom pessimista em relação ao desempenho econômico para os próximos anos, com destaques para os níveis de inflação. Para a projeção do cenário básico, o Banco Central partiu de um câmbio a R$ 5,65 sendo reajustado pelo poder de compra. O que isso significa? A primeira conclusão é que as autoridades não estão considerando que a cotação da moeda americana possa ser reduzida de forma significativa. Em outras palavras, precisamos nos acostumar com o dólar caro. Sabe aquele passeio para a Disney que foi prometido para a família? Vai precisar de mais reais para se concretizar. 

Condições
Com relação a taxa de juros, a projeção é de 9,25% para o final de 2022 e 11,25% para o final de 2023. Isso significa que a receita para combater a inflação continuará sendo através da elevação da taxa de juros. A expectativa é que os juros altos sirvam como freio para o consumo, para que a demanda seja reduzida e faça com que os preços não subam. Até aí tudo certo, mas isso gera outros efeitos que devem ser analisados. A principal dúvida é se a inflação é devido ao aumento da demanda. Se a resposta for negativa, o remédio proposto não é o mais indicado. Com menos consumo o PIB não cresce e os empregos não são criados. Em um país que está com 14 milhões de desempregados, haverá condições políticas para manter essa política restritiva em ano de eleições? Essas são algumas questões que os técnicos do governo terão que resolver. 

Fiscal
Em vários pontos do relatório surgem as expressões “cenário fiscal” e “risco fiscal”, relacionados às expectativas inflacionárias. Alguns economistas afirmam que as expectativas são como uma profecia autorrealizável, em que as projeções se tornaram realidades forçadas pelos seus autores. As dúvidas sobre a saúde das contas públicas e a falta de indicação de uma estratégia para evitar o aumento do endividamento, são um combustível poderoso para aumentar a expectativa em relação ao comportamento dos preços. Relacionando essas preocupações do cenário fiscal com uma declaração do presidente do Banco Central de que a solução encontrada para bancar o Auxílio Brasil “cobrou um preço muito grande em termos de credibilidade”, podemos ver que o risco fiscal continua a assombrar os economistas do BC.

Financeiro
A ata do Copom tem indicações de que a próxima reunião marcada para os dias 1º e 2 de fevereiro poderá elevar a taxa de juros para 10,75% ao ano, porém, a alta poderá ser menor dependendo da evolução da atividade econômica e das altas de preços que serão observadas na virada do ano. Os últimos relatórios do mercado financeiro indicam que as altas serão mais moderadas, devido ao baixo nível de atividade econômica e o aumento do IPCA de novembro, que veio um pouco abaixo das expectativas.